Covid-19 e o paradigma do paraquedas | Coluna

O paradigma do paraquedas, termo cunhado a partir de um estudo que demonstrou que o risco de morte era o mesmo entre quem saltava de um avião usando um paraquedas e quem portava uma mochila vazia, mostra que devemos ler estudos com atenção, especialmente em tempos de pandemia.


Gerson Salvador postou em Coluna

homem saltando de paraquedas. o paradigma do paraquedas explica por que é preciso ler estudos com atenção

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Publicado em: 27 de janeiro de 2021

Revisado em: 27 de janeiro de 2021

O paradigma do paraquedas revela por que devemos ler estudos científicos com cautela e atenção.

 

*Colunista convidado: Gerson Salvador

 

Quando eu era estudante de Medicina diziam, de uma maneira um tanto jocosa – visando desqualificar a medicina baseada em evidências – , que não havia estudos controlados sobre a eficácia de paraquedas para prevenir a morte de quem pula de um avião. Esse aforismo, de tão recorrente, era conhecido como “paradigma do paraquedas”.

Em 2018, um professor de Harvard e colaboradores aceitaram o desafio de testar esse paradigma e realizaram um ensaio clínico. Robert Yeah e seus colaboradores comprovaram, em um estudo bem desenhado, publicado numa das revistas mais importantes do mundo, a “British Medical Journal”, que o risco de morte ou trauma grave ao saltar de avião era igual para quem usava paraquedas ou mochila vazia, e eles estavam certos.

Veja também: O que muda na pandemia com as novas variantes do coronavírus?

Detalhe: eles não conseguiram nenhum voluntário para saltar do avião em movimento. Todos os voluntários que concluíram o estudo saltaram de um avião paradinho, no chão!

Esse estudo nos indica que não basta ler as conclusões das publicações, é preciso prestar atenção e avaliar os métodos.

No contexto da covid-19, há muita gente desonesta, tentando manipular a opinião pública com tratamentos e profilaxias inócuas, remédios que antes servem para tratar verminoses, malária e infecções bacterianas. Inclusive, valem-se de argumentos “técnicos” a partir de artigos publicados em periódicos científicos ou blogues. No meio desses oportunistas, há pessoas honestas que reproduzem essas informações por desespero. Precisamos ter paciência para explicar quantas vezes forem necessárias que esses estudos são falaciosos e continuar apontando meios eficazes de prevenir a covid-19: higiene das mãos, máscaras, distanciamento, e enfim: as vacinas!

Acima de tudo é necessário convocar cada pessoa para um compromisso ético em que cada um cuida de si e do conjunto da sociedade quando tem uma postura responsável, assim atravessaremos essa tragédia.

 

*As informações e opiniões dadas nesta coluna são de responsabilidade do autor 

 

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