O acompanhamento da fibrilação atrial deve ser feito sempre de perto, com participação ativa do paciente para evitar a ocorrência de um derrame cerebral.
Receber o diagnóstico de fibrilação atrial (FA) pode até assustar no início, por conta da associação com o AVC: pacientes com FA têm risco cinco vezes maior de sofrer um derrame.
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Entretanto, segundo o dr. Rodrigo Noronha, cardiologista do hospital BP (Beneficência Portuguesa de São Paulo), o indivíduo pode conviver com a doença de forma segura, desde que seja acompanhado adequadamente com o uso de anticoagulantes, medicamentos utilizados para “afinar” o sangue e impedir a formação de coágulos. O tratamento reduz em até 70% os riscos de AVC.
“A fibrilação ocorre quando o coração perde o compasso, e faz ‘tum-ta-tumta’. O átrio começa a contrair de maneira desorganizada, e por falta de movimentação, pode haver a formação de coágulos. São eles os maiores problemas. Se esses coágulos se desprendem e vão parar em alguma área nobre, como o cérebro, ocorre um AVC. Como os coágulos costumam ser grandes, o AVC decorrente da fibrilação atrial tende a ser mais grave que os demais, e o paciente pode ficar acamado e debilitado por um grande período”, explica.
Por isso, é importante que o paciente tenha disciplina ao seguir o tratamento à risca, pois é ele que vai reduzir a formação de coágulos e o risco de AVC. Para auxiliar, recomenda-se também adotar um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada e atividade física para evitar o sobrepeso e controlar os níveis de pressão arterial.
Especificamente quanto à atividade física é essencial que o indivíduo passe por uma avaliação médica prévia, pratique esportes adequados e esteja sempre em dia com o tratamento anticoagulante. “Só não se recomenda fazer atividades de grande impacto, com riscos de queda e sangramentos, como artes marciais ou escaladas”, orienta o dr. Noronha. A observação se deve ao fato de que pacientes anticoagulados podem ter mais dificuldade para estancar sangramentos. Atualmente existe um medicamento que possui um agente reversor específico, ou seja, em caso de urgência, o efeito do anticoagulante pode ser interrompido momentaneamente e o paciente volta a coagular normalmente. “No entanto, atividades como caminhada, pilates e natação são mais que indicadas”, afirma o especialista.
Ainda assim, é fundamental saber identificar prontamente os primeiros sinais de um derrame. Uma boa técnica é usar a sigla SAMU, que não tem a ver com o serviço de emergência, e sim com as iniciais que ajudam a lembrar os sintomas do AVC:
- S – Sorrir: Peça para a pessoa sorrir e observe se um dos lados da boca fica caído ou torto.
- A – Abraço: Peça para a pessoa abraçá-lo. Se ela não conseguir levantar um dos braços, pode se tratar de um AVC.
- M – Música: Peça para a pessoa cantar uma música (pode ser qualquer uma bem simples) e perceba se a voz dela parece pastosa.
- U – Urgência: Ao verificar um ou mais desses sinais, acione imediatamente o serviço de emergência pelo 192.
Educar a família sobre esses sintomas também é importante, pois quanto mais rápido o atendimento, menor o risco de sequelas.