A fadiga do câncer é diferente de sentir-se cansado. Você pode passar dias descansando, mas o desânimo e o corpo dolorido não melhoram.
A fadiga é caracterizada como uma sensação de cansaço extremo, em que a pessoa pode dormir a noite inteira, mas ainda assim acordar com muito cansaço e sem ânimo para fazer atividades rotineiras.
Além disso, traz prejuízo para outras esferas da vida. É comum que pacientes relatem dificuldade para pegar no sono ou perda de interesse nas atividades de que mais gostam, como conversar, passear, fazer exercícios, etc. Mais de 70% dos pacientes oncológicos sentem fadiga e ela é bastante prevalente entre aqueles cuja doença está mais avançada.
Normalmente, essa sensação de mal-estar começa antes do tratamento oncológico, quando a doença está se desenvolvendo no organismo. Piora quando começa o tratamento (por conta dos efeitos tóxicos da medicação), mas melhora quando os remédios começam a fazer efeito.
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“A sensação é como se a pessoa tentasse nadar, ou correr, mas não tivesse preparo físico nenhum, ficando completamente esgotada nos primeiros minutos”, sintetiza a dra. Suellen Nastri, médica oncologista da Beneficência Portuguesa (BP) de São Paulo.
Mas, afinal, por que o câncer causa esgotamento físico?
Segundo a dra. Maria Ignez Braghiroli, oncologista clínica da Rede D’or São Luiz,
há duas razões. Como o tumor precisa de “energia” para se desenvolver no organismo do paciente, as células tumorais roubam calorias e nutrientes das células normais, levando à fadiga. Além disso, ele libera substâncias inflamatórias que intensificam esse estado.
Por isso, o corpo gasta muito mais energia que o habitual. E, para complementar, o próprio tratamento oncológico também causa fadiga no paciente, mas somente no início do tratamento.
“Alguns tratamentos quimioterápicos e radioterápicos podem provocar cansaço, dores musculares e falta de energia em alguns dias após a sua aplicação. Os tratamentos hormonais, em especial para tratar o câncer de mama e de próstata, também fazem o paciente sentir muito cansaço no início do tratamento. Mas ao longo das semanas, esse mal-estar vai diminuindo também, pois se o tratamento é efetivo, o tumor para de crescer e os sintomas vão se atenuando”, explica a dra. Braghiroli.
Como combater a fadiga?
A dra. Nastri afirma que o primeiro passo é verificar a condição clínica do paciente, para checar se não há nenhuma outra doença associada, como ansiedade, depressão, distúrbios do sono, anemia, problemas na tireoide, etc., que esteja intensificando os sintomas de cansaço. “A ideia inicial é corrigir esses fatores, se estiverem alterados, com terapias medicamentosas, acupuntura e exercício físico”, ressalta a oncologista.
Exercício ajuda a combater a fadiga
As médicas consultadas pelo Portal são unânimes em dizer que atividade física melhora a sensação de mal-estar causada pela fadiga. Pode parecer controverso, mas mexer o corpo nesse momento vai trazer bem-estar.
Mas comece aos poucos, respeitando seu corpo. Tente perceber em qual momento do dia está mais indisposto e aproveite para fazer atividade quando estiver se sentindo melhor. Pode ser logo após acordar, antes do almoço ou no começo da tarde, por exemplo. Só não deixe para se exercitar muito tarde da noite, pois isso pode interferir no sono.
Se não existir nenhuma contraindicação, uma recomendação é praticar 150 minutos por semana de exercício aeróbico moderado, como caminhada rápida, ciclismo ou natação, com 2-3 dias de treinamento de força adicional.
Além disso, é muito importante manter uma rotina saudável de alimentação, consumindo bastante alimentos proteicos (para não perder massa muscular), além de frutas e verduras.