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Atividade física

O músculo tem memória? Saiba o que é e como funciona a memória muscular

Publicado em 17/09/2024
Revisado em 18/09/2024

Memória muscular é a capacidade do corpo de relembrar certas adaptações que o organismo teve a um certo estímulo.

Você que pratica alguma atividade física com regularidade provavelmente já acabou passando um tempo sem se exercitar. Ao retomar a prática, talvez tenha tido alguma dificuldade inicial. No entanto, em pouco tempo, notou que o treino voltou a fluir. E isso não aconteceu por acaso. Tem a ver com algo chamado memória muscular, que segue uma lógica parecida com as memórias cerebrais.

Quando algo acontece conosco ou aprendemos algo, conseguimos lembrar os eventos e as informações por conta de uma habilidade do cérebro que se chama memória. Com os músculos não é diferente. “O corpo meio que lembra certas adaptações que ele já teve”, comenta o educador físico Pedro William Martins Pessoa, do Laboratório de Fisiologia do Exercício da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Memória muscular é a capacidade do corpo humano de relembrar certas adaptações que o organismo já teve a um certo estímulo”, resume. O educador físico cita, como exemplo, o caso de um corredor que fica um tempo parado, sem fazer atividade física: “Quando ele volta a treinar novamente a corrida, ele tem adaptações que são mais rápidas do que quando ele iniciou pela primeira vez aquela atividade física”.

Jacqueline Barcelar, fisioterapeuta do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), explica que, durante o treino muscular, ocorre a ativação das células satélites, que já estavam nos músculos no período pré-treino, mas em um estágio de descanso, de repouso.

“Essas células ativadas se proliferam e expressam marcadores de formação do tecido muscular e se fundem a fibras musculares já existentes para gerar novas fibras musculares, elevando o número de mionúcleos, pequenos núcleos encontrados dentro das fibras musculares”, detalha. 

Jacqueline acrescenta que essas células satélites têm uma alta capacidade de proliferação e potencial de adaptação, “contribuindo para o crescimento muscular, o reparo de fibras musculares danificadas e a manutenção do músculo esquelético adulto”.

“Portanto, mesmo após um período de destreinamento, as fibras musculares que adquiriram maior número de mionúcleos, com o treinamento muscular, crescem mais rapidamente quando há o retorno do treinamento físico”, conta. 

        Veja também: Como a musculação impacta a saúde? – DrauzioCast #194

A memória muscular dura quanto tempo?

A resposta é: depende. Isso não parece, de fato, responder a pergunta, mas é que, realmente, vai depender do tempo que a pessoa já pratica a atividade física e o período que ela ficou parada.

Pedro William diz que é difícil encontrar estudos sobre isso, principalmente que abarquem um longo período de tempo, por conta dos custos desse tipo de pesquisa. 

Mesmo assim, há algo importante a se considerar: quanto maior a frequência do treino, tanto durante uma semana quanto ao longo de meses e até de anos, e menor o tempo sem praticar a atividade física, mais “viva” estará a memória muscular e mais rápida será a retomada após uma pausa. 

Aliada dos atletas

A memória muscular é uma grande aliada dos atletas, sejam eles amadores ou profissionais. Jacqueline cita o caso das lesões, que costumam ser frequentes entre os esportistas. 

“Considerando que lesões em atletas ocorrem com certa frequência e que eles podem precisar passar por procedimentos cirúrgicos e repouso, as adaptações celulares sofridas que ocorreram durante o período de treinamento antes da lesão têm papel fundamental no retorno precoce e eficiente às atividades desenvolvidas pelo atleta”, ressalta.

A fisioterapeuta destaca ainda a importância da memória muscular no desempenho dos atletas. “Observando os ciclos de treinamento de atletas, ora mais intensos e frequentes, ora mais moderados e esparsos, as adaptações geradas pelo treinamento, por meio da memória muscular, terão um papel fundamental para que não ocorra uma queda significativa de rendimento do atleta nos períodos de menor intensidade de treino”, conclui.

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