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Álcool e alimentos podem prejudicar a eficácia de medicamentos

Publicado em 23/09/2012
Revisado em 11/08/2020

É importante tomar medicamentos corretamente, uma vez que a associação medicamentosa realmente pode cortar a eficácia medicamentosa ou, até mesmo, potencializar os efeitos do álcool.

 

Aquele papo de que medicamentos não podem ser misturados com bebidas alcoólicas não é apenas zelo materno. A associação realmente pode cortar a eficácia medicamentosa ou, até mesmo, potencializar os efeitos do álcool. Dr. Marcelo Gomes, diretor de área terapêutica da farmacêutica Norvatis, explica que ambos são metabolizados pelo fígado, e quando ingeridos simultaneamente, dividem a capacidade de ação do órgão.

 

Veja também: Erros mais comuns na hora de tomar medicamentos

 

“Quando chegam as duas demandas no fígado, o órgão não sabe qual metabolizar primeiro; consequentemente, acaba não exercendo seu papel por completo e uma das metabolizações é prejudicada. Como o álcool geralmente é consumido em maior quantidade, o fígado tenta metabolizá-lo primeiro e não concentra sua atividade na metabolização do remédio, por isso acaba diminuindo a eficiência medicamentosa. Mas o órgão também não consegue absorver totalmente o álcool e parte dele fica circulando por mais tempo na corrente sanguínea, o que potencializa o estado de embriaguez”, explica Gomes.

O álcool pode ser o vilão mais conhecido, mas não é o único. Mesmo uma simples refeição pode prejudicar a ação ótima de remédios. “Alguns medicamentos necessitam de ambiente mais ácido, como o do estômago, para serem absorvidos com facilidade. Só que após as refeições, o órgão produz mais suco gástrico, que pode tornar o local ácido demais e eliminar os efeitos medicamentosos. Além disso, assim como no caso do álcool no fígado, os alimentos dividem espaço com os remédios no estômago, o que acaba atrasando a absorção medicamentosa”, explica Gomes.

O leite, em especial, pode prejudicar os efeitos de alguns remédios por outro mecanismo. A tetraciclina, por exemplo, que é base para muitos antibióticos, liga-se com facilidade ao cálcio, elemento muito presente nesse alimento, e forma aglomerações com ele, o que prejudica a absorção do medicamento.

 

Então, não se deve tomar remédios perto do horário das refeições? 

 

Não é bem assim. De fato, tomar remédios com o estômago vazio (pelo menos uma hora antes das refeições ou duas horas após ingerir alimentos) pode garantir absorção mais rápida e completa da medicação. Em contrapartida, o jejum facilita a intolerância gastrointestinal caso o remédio em questão possua teor de acidez muito elevado. Por isso, batemos na tecla: deve-se seguir à risca as orientações do médico e da bula, pois alguns medicamentos devem ser ingeridos justamente após as refeições.

Mas existem inúmeras razões para um medicamento ser ingerido em determinado horário. Aqueles com a função de eliminar gordura têm melhor resultado quando consumidos após as refeições, por exemplo. Dr. Paulo Aligiere, assistente médico da Fundação do Remédio Popular de SP, explica que o modo como o remédio deve ser administrado depende da natureza química da substância e pode variar muito. “Durante a fase de testes de um medicamento novo, descobre-se qual o melhor horário para administrá-lo, perto ou longe das refeições, a fim de aproveitar ao máximo a sua absorção”, explica.

Independentemente da natureza química, uma orientação permanece: os fármacos orais devem ser ingeridos com um copo cheio de água. Além de ajudar na dissolução do fármaco, facilita a passagem pelo esôfago, evitando que o medicamento fique entalado na garganta. Além disso, a água é uma substância neutra, que não irá interferir na ação do medicamento.

 

Outros fatores que comprometem a eficácia medicamentosa

 

Não são só bebidas e alimentos interferem na absorção dos remédios. A interação medicamentosa também pode comprometer. Como o nome já diz, essa interação nada mais é do que a relação entre dois medicamentos que foram administrados concomitantemente. Nem sempre essa mistura é eficiente, podendo aumentar ou diminuir os efeitos terapêuticos de um ou de outro. Antiácidos, por exemplo, diminuem o efeito de medicamentos que necessitem de um pH ácido.

Nem todas as mulheres sabem, mas antibióticos administrados junto com pílula anticoncepcional podem cortar o efeito do contraceptivo. Segundo Aligiere, os antibióticos modificam a flora intestinal e podem interferir na absorção e aproveitamento dos componentes hormonais das pílulas. “Sempre que se prescreve um destes medicamentos para mulheres em idade fértil, a usuária deve fazer prevenção da gravidez com um método adicional além da pílula”, adverte.

Alguns problemas orgânicos também podem colocar em xeque a absorção de dois medicamentos ingeridos concomitantemente. “Pessoas que se submeteram a cirurgia bariátrica, por exemplo, não conseguem absorver grande quantidade medicamentosa no estômago. Se tomarem dois medicamentos ao mesmo tempo, eles não vão usufruir completamente dos efeitos”, diz Gomes.

É sempre importante avisar os médicos sobre todos os medicamentos de uso frequente, principalmente os anticoncepcionais, que por serem assimilados no cotidiano, muitas vezes não são considerados remédios de uso contínuo. Lembre-se também de falar a respeito de problemas crônicos que possui, assim o profissional pode prescrever um remédio que não interfira em outros tratamentos.

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