Problemas de saúde mental podem surgir mesmo após sete meses de pandemia. Dr. Jairo Bouer fala sobre o tema neste vídeo. Assista.
Olá, pessoal! E nesse mês o Entrementes discute como anda a sua saúde mental sete, oito meses depois do início do isolamento social. Afinal de contas, você aí em casa tá melhor ou tá pior do que em fevereiro, março desse ano?
Pois é, pessoal. Pergunta difícil, resposta mais complexa ainda. Eu acho que tem gente que tá melhor, gente que tá pior, é difícil ter uma leitura homogênea pra todo mundo.
O que eu percebo é que a maior parte das pessoas passou por oscilações: Fases em que tá melhor, fases em que tá pior, fases em que volta a melhorar, enfim… É quase como um gráfico da nossa evolução emocional ao longo desses sete, oito meses.
Eu mesmo senti fases em que eu fiquei melhor, fases em que eu fiquei pior, fases em que eu voltei a melhorar, e assim por diante. Imagino que com você não seja muito diferente.
Agora, se a gente focar nesse momento, hoje em dia, como estão as pessoas? Eu acho que tem gente que tá pior, tá sentindo muita saudade dos amigos e dos colegas, não aguenta mais ficar dentro de casa sem uma mudança de cenário. As questões dos relacionamentos familiares, filhos, parceiros estão mais complexas. Quem mora sozinho muitas vezes pode estar se sentindo mais isolado, mais solitário, enfim, tem gente que tá se sentindo pior.
Agora, tem gente que conta pra gente que tá melhor: Não tenho mais que pegar ônibus e carro todo dia pra ir pro trabalho, consigo trabalhar bem em casa, me adaptei a uma nova rotina, tenho gastado muito menos com restaurante, com saídas, com isso, com aquilo. Estou economizando mais, tenho mais oportunidade de ficar com meus filhos, de ficar com meu parceiro, de ficar dentro da minha casa, com meu cachorro, com meu gato, enfim.
Tem gente que tá melhor, tá mais adaptada a esse momento e até reluta em sair de casa e ter que voltar à rotina anterior.
Então, pessoal, eu acho que, de novo, não existe uma resposta única que sirva pra todo mundo. Agora, eu acho importante a gente lembrar, pessoal, que pra maior parte das pessoas, na maioria das cidades do Brasil, a gente tem sim uma flexibilização maior desse isolamento, as pessoas têm saído mais de casa e não só pra situações de emergência, ir no supermercado, ir na farmácia, ir ao médico. As pessoas têm voltado ao trabalho, em algumas cidades as escolas começam a voltar. Então, a gente tem um movimento maior de gente na rua.
E aí, as pessoas entram em contato com o mundo diferente daquele mundo que existia pré-pandemia. O mundo com uma série de restrições. Muita gente lida bem com essas restrições, mas tem muita gente que está chateada, brava, com raiva, nesse momento dessa percepção dessas restrições todas. E aí, pessoal, é muito importante a gente lembrar o seguinte: Essas medidas de isolamento foram implementadas num momento mais agudo.
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Agora que a gente tá atravessando um momento de uma relativa estabilidade, existe a flexibilização, mas a flexibilização ela exige comportamentos de cuidado. Então, a gente tem que evitar aglomerações, tem que evitar ficar dentro de ambientes fechados por muito tempo com outras pessoas, tem que usar máscara, tem que higienizar as mãos, essas questões todas que a gente vem falando ao longo desses últimos meses.
E aí a pessoa às vezes reage de uma maneira exagerada em relação a essas restrições. Então, fica com raiva, fica negando o que tá acontecendo. Vai pra praia e se aglomera com um monte de gente, não usa máscara, começa a sair e não tomar os cuidados necessários, e aí a gente pode voltar a ter problemas, sim.
Quem tem observado o que tá acontecendo na Europa e nos Estados Unidos, existe uma segunda onda com um aumento importante do número de casos e tem a ver totalmente com essa volta das pessoas às ruas e com uma quantidade de cuidados menores. As pessoas tão deixando esses cuidados de lado, e aí a gente tem que entender que pra gente evitar isso, a gente precisa, sim, manter as medidas que são mais do que claras e discutidas.
Então, flexibilização é bacana? É. A gente pode voltar a ocupar as ruas, pode voltar a sair de casa, mas ainda com restrições. E a gente tem que entender que essas restrições vão durar um tempo. Isso é muito importante, essa percepção, da duração dessas restrições, pra que a gente também mantenha nossa saúde mental.
Se a gente vai com uma expectativa gigantesca e volta pra um mundo cheio de restrições, a gente pode ficar frustrado e essa frustração levar a comportamentos desses que a gente tá contando pra vocês. Então, precisa voltar, mas precisa voltar com bom senso, com cuidado, com responsabilidade, e mais do que tudo, cuidando da saúde mental, da cabeça, das emoções da gente.
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