Violência contra mulheres com deficiência | Entrementes

Negligência e abandono são alguns dos tipos de violência que a mulher com deficiência pode sofrer ao longo da vida. Dr. Jairo Bouer fala sobre o assunto neste vídeo.

Drauzio Varella é médico cancerologista e escritor. Foi um dos pioneiros no tratamento da aids no Brasil. Entre seus livros de maior sucesso estão Estação Carandiru, Por um Fio e O Médico Doente.

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Negligência e abandono são alguns dos tipos de violência que a mulher com deficiência pode sofrer ao longo da vida. Dr. Jairo Bouer fala sobre o assunto neste vídeo.

 

Olá, pessoal. E nesse vídeo do YouTube a gente fala da violência contra as mulheres com deficiência. Pessoal, muito importante a gente lembrar que as mulheres com deficiência, elas enfrentam dois tipos de preconceito e de estigma. O preconceito de gênero e o preconceito com a deficiência. Então, não é incomum que essas mulheres sejam vítimas frequentes de violência e tenham uma dificuldade de acessar os suportes de proteção. Isso já acontecia antes da pandemia e isso se agravou com a pandemia, com a dificuldade de deslocamento social, com a questão do isolamento. Ficou mais difícil pra essas mulheres com deficiência chegarem aos serviços de proteção.

Pessoal, a gente não tem muitos dados estatísticos, mas a gente sabe que a violência contra pessoas com deficiência, de ambos os gêneros, tem aumentado. Em geral, essa violência é praticada por membros da família. Em primeiro lugar os irmãos, depois pai e mãe, e outras pessoas que convivem dentro da mesma casa. Em geral, via de regra, a violência contra a mulher com deficiência também é praticada por membros da família.

E lembrar, pessoal, que a Lei Maria da Penha, de 2006, que a gente já comentou com vocês em outro vídeo, ela não fala só de violência do companheiro contra a mulher, mas de familiares e agregados, também. Vocês lembram que a gente comentou num vídeo anterior aqui no nosso canal Entrementes no YouTube que as formas de violência contra a mulher, elas podem apresentar diversas dimensões. Então a gente tem a violência física, a gente tem a violência sexual, a gente tem a violência psicológica, a gente tem a violência moral e a gente tem a violência patrimonial.

No caso das mulheres com deficiência, a gente tem outras formas ainda de violência, que são a negligência e o abandono. São pessoas que muitas vezes precisam de cuidados, precisam de uma atenção especial, e são negligenciados ou abandonados pela sua família, pelos seus companheiros. Então é muito importante a gente ficar atento a essas questões também, pessoal.

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E da mesma forma que a gente comentou no vídeo, que existe um ciclo de violência contra a mulher, existe também um ciclo de violência contra a mulher com deficiência. Então, lembrar que normalmente há um escalonamento de tensões, depois a gente tem a fase da violência física propriamente dita, e depois a gente tem uma fase de remorso ou de lua de mel, em que a pessoa que praticou a violência tende a se arrepender, a mostrar que vai melhorar, que não vai fazer isso novamente, e a pessoa vítima da violência muitas vezes com essa culpa dentro dela, com essa culpa introjetada, tem mais dificuldade de dizer não, de interromper o processo, de buscar ajuda, de buscar suporte, e ela continua nesses ciclos sucessivos de violência.

Então é muito importante a gente perceber quando esse relacionamento abusivo, quando essa violência se instala, contra a mulher ou contra a mulher com deficiência, e que os mecanismos possíveis de suporte, de ajuda, de proteção, sejam acionados. E se você tiver passando por algum caso de violência, o que você pode fazer? Primeiro, acionar os canais de ajuda. A gente tem o 180, que é o Centro de Atendimento à Mulher, a gente tem o Disque 100, que é o serviço de denúncia do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. É muito importante que você busque alguém em quem você confia, pra que você possa dividir essa situação de violência, de ameaça que você está passando. Além disso, é muito importante contar com redes de apoio, de suporte na sua região, e pra terminar, denuncie quando você se sentir preparada. E de preferência vá com alguém de sua confiança que possa te ajudar, que possa te dar apoio nesse momento.

É importante lembrar também que quem tá em volta, vizinhos, parentes que percebem a situação, também podem fazer a denúncia. Pessoal, no caso de emergência também existe o 190, que é o telefone da Polícia Militar, que pode ser acionado. Lembrar que os boletins de ocorrência podem ser feitos presencialmente e também podem ser feitos a distância, nas delegacias de defesa da mulher ou nas delegacias comuns, tá? Isso é muito importante da gente saber e da gente lembrar.

Pessoal, pra terminar eu queria lembrar pra vocês que as principais vítimas de violência contra a mulher com deficiência são as mulheres com deficiência mental, que muitas vezes não conseguem traduzir de forma adequada pra gente o que elas estão passando, o que elas estão sentindo. Então é muito importante também a gente prestar atenção no comportamento ou em alterações de comportamento. Então, agressividade, ganho de peso, alteração do padrão alimentar, dificuldade de dormir, agitação, tudo isso pode sinalizar pra gente que alguma coisa fora do comum está acontecendo. Então a gente tem que ter atenção redobrada pro cuidado com essas pessoas.

É isso aí, pessoal. Espero que a gente tenha colaborado um pouquinho com essa discussão e a gente volta em um próximo vídeo. Valeu!

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