Vida após um relacionamento abusivo | Entrementes

Dr. Jairo Bouer fala sobre os principais cuidados que uma mulher deve ter após um relacionamento abusivo. Assista ao vídeo.

Drauzio Varella é médico cancerologista e escritor. Foi um dos pioneiros no tratamento da aids no Brasil. Entre seus livros de maior sucesso estão Estação Carandiru, Por um Fio e O Médico Doente.

Compartilhar

Dr. Jairo Bouer fala sobre os principais cuidados que uma mulher deve ter após um relacionamento abusivo. Assista ao vídeo.

 

Olá, pessoal. E hoje a gente fala da recuperação de um relacionamento abusivo, violento. E eu começo trazendo pra vocês as consequências e os impactos de um relacionamento violento, de um relacionamento abusivo. Vamos dividir em algumas áreas. Primeiro, vamos falar da saúde física. Então, as mulheres que são vítimas de um relacionamento abusivo, elas podem desenvolver uma série de sintomas como dores crônicas, alterações gastrointestinais, alterações metabólicas, alterações hormonais. Tudo isso por consequência das sucessivas violências.

Do ponto de vista emocional, as mulheres também podem ter impactos profundos. Ansiedade, depressão, angústia, estresse pós-traumático e por aí vai. Uma série de impactos de saúde mental pra vida dessas mulheres. Do ponto de vista de saúde sexual, também as violências físicas e sexual podem trazer uma série de consequências. Então, maior risco de IST, infecções transmitidas pelo sexo, incluindo aí o HIV, gravidez indesejada, muitas vezes dificuldades na esfera sexual decorrentes dessa sucessivas violências, dor na relação sexual, dificuldade de alcançar orgasmo, de ter prazer, dificuldade de criar intimidade com o novo parceiro. Tudo isso pode acontecer.

Do ponto de vista comportamental, as mulheres vítimas de violência podem passar a ter padrões abusivos de consumo de álcool, de drogas, de medicamentos pra controle de ansiedade, elas podem se envolver em outros comportamentos de risco como relações sexuais desprotegidas. Então, tudo isso são alterações comportamentais que podem ser decorrentes de um relacionamento abusivo. E pra terminar, ainda nessa esfera comportamental, o risco de se envolver num novo relacionamento abusivo, por uma repetição de um padrão. Então essas são consequências pra vida da mulher de um relacionamento violento, de um relacionamento abusivo. 

E aí, o que pode ser feito para uma recuperação dessa mulher, para que ela não corra esses riscos e não tenha esses impactos tão importantes pra sua vida, pra sua saúde? Primeiro ponto importante, pessoal: a mulher não tem que ter medo, vergonha de procurar ajuda. Muitas vezes ela passa por uma fase longa de solidão em que ela não quer dividir com ninguém esse sofrimento, essas experiências de violência. Então é muito importante que a mulher consiga vencer essa barreira do estigma, do preconceito, do tabu, e que ela busque ajuda.

Nos casos dos transtornos na esfera da saúde mental, é muito importante que ela busque ajuda profissional, um psicólogo, um psiquiatra. Muitas vezes ela vai precisar do uso de alguns medicamentos por um intervalo de tempo. E também, pessoal, grupos de auto-ajuda ou grupos de suporte são muito importantes. Dividir com outras mulheres que passaram pela mesma situação, e que estão em fases diferentes de recuperação, pode fazer, sim, toda a diferença. 

Então, resumo da ópera. Conte pra alguém, converse com alguém, isso é fundamental. Busque grupos de suporte de apoio e busque ajuda profissional, psicólogos, às vezes grupos de psicoterapia, e tratamento especializado com médico psiquiatra, que pode usar medicamento de forma controlada pra poder diminuir o impacto desses transtornos na vida da mulher.

Pra terminar, pessoal, recadinho final. Muitas vezes a mulher chega no psicólogo, chega no psiquiatra, e mesmo assim ela tem vergonha de contar o que aconteceu. Não tem que ter vergonha. Tem que falar, tem que dividir essa experiência, pra que os profissionais possam te ajudar da melhor maneira possível. Lembrando que é possível, sim, reverter essa história, é possível melhorar e é possível ter um relacionamento saudável no futuro. Com esse apoio, com esse suporte, com essa ajuda. É isso aí.

Veja também: Isolamento e violência doméstica | Entrementes

Veja mais

Sair da versão mobile