Por que alguns se sentem pior fazendo chamadas de vídeo? | Entrementes

Drauzio Varella

Drauzio Varella é médico cancerologista e escritor. Foi um dos pioneiros no tratamento da aids no Brasil. Entre seus livros de maior sucesso estão Estação Carandiru, Por um Fio e O Médico Doente.

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Dr. Jairo Bouer fala sobre as chamadas de vídeo, uma das formas encontradas durante a pandemia para manter o contato com amigos e familiares.

 

Olá, pessoal. E o Entrementes faz neste mês uma espécie de balanço de como anda nossa saúde emocional, nossa saúde mental 7, 8 meses depois do início da pandemia do novo coronavírus e do distanciamento social.  E você aí em casa, como você está se sentindo?

Hoje a gente fala especificamente dos encontros online. Muita gente tem usado as plataformas digitais, as diversas telas que existem em casa para se aproximar, para encontrar os amigos e muitas vezes até pretendentes, namorados, pessoas com quem a gente tava tendo uma espécie de relacionamento afetivo ou amoroso, mas precisou se distanciar nesse momento.

E aí, será que isso é bom? Será que isso é ruim? Bom, num primeiro momento, a gente dependeu demais das tecnologias para poder se aproximar, para poder se encontrar com as pessoas. A gente tava vivendo uma situação de isolamento, de distanciamento, bastante radical, e a nossa única possibilidade de contato com amigos ou com pessoas com as quais a gente estava tendo algum tipo de relacionamento afetivo e/ou amoroso, era ou foi através das telas.

Bom, então isso foi um movimento inicial, a gente estranhou, afinal de contas uma vez ou outra falar com as pessoas por meio das telas ok, mas o tempo inteiro pode ser complicado. Depois, eu acho que a gente teve uma certa adaptação a esse novo modo de fazer contato com as pessoas, e agora, né, sete, oito meses depois, tem muita gente que não suporta, não aguenta mais usar as telas para encontrar os amigos, as outras pessoas, e tem gente que inclusive odeia, ou sempre odiou esse tipo de contato, mas foi obrigado a usar essa forma já que não havia outra alternativa.

Bom, agora com essa flexibilização a gente começa a perceber que as pessoas estão saindo um pouco mais de casa, eventualmente estão encontrando seus amigos, mas a gente lembra aqui da importância dos cuidados. Nas últimas semanas a gente tem assistido na Europa e nos Estados Unidos um aumento importante dos casos, a gente tem uma espécie de segunda onda, e ela está extremamente relacionada com o fato de que as pessoas começam a sair de casa, principalmente os mais jovens, e se encontram com as suas turmas, com seus amigos, tem momentos mais íntimos com seus parceiros ou parceiras sexuais, isso faz com que de alguma forma eles se exponham mais ao risco de infecção pelo coronavírus.

Então, pessoal, é muito importante que quem for sair de casa para encontrar os amigos, para rever pessoas que não vê a muito tempo, mesmo familiares, é importante que a gente tente obedecer aquelas questões básicas, de evitar aglomeração, evitar ficar em locais fechados por muito tempo, manter o distanciamento de um metro e meio, dois metros, das pessoas,  usar máscara, lavar as mãos, higienizar as mãos com frequência com água e sabão, álcool em gel, e assim por diante.

Se a gente coloca um monte de gente junta, no mesmo ambiente, todo mundo sem máscara,  a gente não sabe onde as pessoas andaram, com quem elas tiveram contato, muitas vezes as pessoas estão assintomáticas ou estão nos primeiros dias e ainda não manifestaram sintomas, o risco de que outra pessoa nesse grupo se infecte é maior também.

Então, concordo com vocês em gênero, número e grau, que a gente não aguenta mais usar só as telas para falar com as pessoas que a gente gosta, com as pessoas que a gente curte, mas se a gente for encontrar essas pessoas fisicamente, fora do universo da internet, das telas, é muito importante que a gente tome cuidados necessários. Tá bom?

É isso aí. Difícil esse momento, difícil administrar todas essas emoções, mas o cuidado continua sendo fundamental, para sua saúde e para saúde da coletividade. É isso aí.

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