Aprenda a controlar uma crise de pânico | Entrementes

Dr. Jairo Bouer dá dicas de técnicas simples que ajudam a controlar uma crise de pânico. Assista ao vídeo.

Drauzio Varella é médico cancerologista e escritor. Foi um dos pioneiros no tratamento da aids no Brasil. Entre seus livros de maior sucesso estão Estação Carandiru, Por um Fio e O Médico Doente.

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Dr. Jairo Bouer dá dicas de técnicas simples que ajudam a controlar uma crise de pânico. Assista ao vídeo.

 

E olha só, pessoal, o Entrementes discute hoje aqui a questão de como controlar uma crise de pânico.

Pra começar, eu queria discutir um pouquinho com vocês o seguinte: o que é uma crise de pânico? Uma crise de pânico é um momento na vida da pessoa que varia, que pode durar aí de 15, 20 até 30, 40 minutos em que a pessoa tem uma reação aguda de ansiedade.

Nessa reação aguda de ansiedade, ela tem sintomas físicos muito desagradáveis: taquicardia, sudorese excessiva, falta de ar, sensação de desmaio, dor de barriga, vontade de ir ao banheiro, enfim, formigamento da pele, uma sensação de que tem uma dificuldade de perceber um pouco o mundo, o que tá acontecendo em volta dela. Então, tudo isso são características, sintomas de uma crise de pânico.

Além disso, existe todo um componente emocional atrelado a essas sensações. Então, a pessoa tem muito medo, a pessoa acredita que ela pode tá morrendo, que ela pode tá “perdendo” o controle, que ela vai desmaiar, que ela tá enlouquecendo, que ela percebe as coisas de uma forma muito peculiar.

Então, esses sintomas físicos mais esses sintomas – vamos chamar assim – emocionais que acompanham a crise de pânico fazem com que esse momento seja extremamente desagradável. A pessoa fica muito angustiada, a pessoa tem medo e é um desconforto físico e emocional muito grande. Então, isso é uma crise de pânico, tá? Ou uma crise de ansiedade.

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Se essas crises começam a se repetir com alguma frequência, a gente pode começar a pensar num diagnóstico de síndrome do pânico. A síndrome do pânico, então, é um transtorno de ansiedade que dura alguns meses e que marca algumas dessas crises de pânico de repetição, essas crises que eu contei há pouco pra vocês.

E aí quando a gente tem uma síndrome do pânico, normalmente, o melhor recurso é procurar um profissional de saúde mental para que ele possa avaliar, diagnosticar e instituir o tratamento. O tratamento passa por psicoterapia, o tratamento muitas vezes passa por uma questão medicamentosa, alguns remédios que vão ajudar a controlar a ansiedade, que vão tratar essa ansiedade. Então, é muito importante que a pessoa receba atenção de um profissional ou de alguns profissionais da área da saúde mental.

Agora, a pessoa sozinha, o que que ela faz no momento que ela tem a crise? Pois é, pessoal, nas primeiras crises, dá pra fazer muito pouco, porque a gente não sabe o que tá acontecendo, a gente fica realmente paralisado, tem muito pânico, tem muito medo, fica muito angustiado, tanto é que muitas pessoas com crise de pânico chegam a ir a pronto-socorros porque têm uma sensação iminente de morte, que tão tendo um infarto, por exemplo.

Então, nas primeiras crises, a pessoa tem uma dificuldade muito grande de entender o que tá acontecendo, de acreditar que aquilo é só ansiedade, e de conseguir se controlar. Então, as primeiras crises,normalmente, as pessoas procuram algum tipo de suporte médico.

Com o tempo, conhecendo melhor o que que tá acontecendo, muitas vezes conversando com um profissional, a pessoa consegue muitas vezes administrar um pouco esse momento da crise. Ela sabe que a crise tem começo, meio e fim. Ela sabe de alguma forma que se ela conseguir se preservar ali durante esses minutos, ou durante esse pico, ela vai melhorar depois, isso é uma questão muito importante. Ela entende que não vai ter infarto, ela entende que ela não vai morrer, ela entende que ela não vai ficar louca, ela entende que ela não vai perder o controle pra sempre das suas possibilidades de saber o que tá acontecendo com ela. Enfim, ela consegue localizar essa crise e limitar o impacto e o alcance dessa crise. Acho que isso é muito importante.

Uma questão prática que muitos especialistas costumam recomendar é a questão do controle da respiração. Quer dizer, muitas vezes na crise de pânico a pessoa tende a hiperventilar, ela ventila muito rápido, e isso pode até aumentar as sensações desagradáveis, as sensações físicas, os sintomas que ela tá tendo. Então, se ela aprende a respirar com mais calma, com começo, meio e fim, ela consegue controlar um pouco melhor essa frequência respiratória e ela consegue às vezes até diminuir alguns sintomas.

Muitos especialistas ensinam o truque do saquinho, pegar um saquinho desses de padaria e inspirar e expirar, como se aquele saquinho fosse seu pulmão: coloca pra dentro, coloca pra fora, coloca pra dentro, coloca pra fora. E vai aprendendo a respirar nesse momento mais agudo da crise. Essa é uma possibilidade.

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Pessoal, pra ajudar, eu fiz uma listinha básica de coisas que você pode fazer no momento de crise:

Primeira questão é o que eu falei pra vocês: controle a respiração, use o saquinho. Se você não tiver o saquinho, feche os olhos e respire profundamente, tá?

A segunda questão que eu acho que é importante: tenta focar em sensações físicas que são presentes, são familiares no seu dia a dia, tocar um tecido, tocar uma almofada, enfim, estar próximo de alguma coisa que faça você se sentir mais seguro.

Outra questão importante é tentar desfocar de você mesmo, da tua ansiedade, e tentar focar a tua atenção em um objeto. Isso pode ser também de uma ajuda importante.

Eu falei em meditação. Essa coisa de estar aqui, agora, tentar relaxar, tentar concentrar, pra que você consiga desfocar ou não ficar presa à crise de ansiedade. Acho que esse é um outro ponto muito importante, tá?

Outro detalhe que eu acho que é interessante a gente lembrar, e que muita gente fala que ajuda, é imaginar um lugar ou uma situação idealizada em que você se sinta tranquilo, em que você se sinta feliz. Um lago, uma praia, um campo, alguma coisa que te traga uma sensação aí de tranquilidade e de alívio.

Outro dado importante: Muitas vezes a gente fala de técnica de relaxamento muscular. A pessoa fica tensa. Se você consegue relaxar um pouco, isso também ajuda na respiração, isso também ajuda no alívio dos sintomas, tá? Essa é uma questão importante.

Falei naquela sensações familiares, às vezes o cheiro que traz conforto também é bacana. Então, se você tem em casa uma essência, um cheiro, alguma coisa que te provoque uma sensação de bem-estar, isso pode ajudar, também.

E por último, depois de ter passado pelo médico, saiba que você tem remédio que tá à disposição e que você pode eventualmente recorrer ao remédio se a crise estiver se instalando.

É muito importante que a pessoa entenda aquilo que ela tem, converse com seu médico, converse com seu profissional de saúde mental, que junto com ele ou com ela discuta as melhores formas de tentar controlar a crise pra que isso possa impactar menos a sua vida.

Existem até recursos medicamentosos, remédios que a pessoa pode tomar e que rapidamente podem diminuir o nível de ansiedade, mas tudo isso não pode ser feito por conta própria, sempre sob supervisão do médico e o uso do remédio por um tempo delimitado, tá bom?

É isso, pessoal. Acho que a gente esclareceu um pouquinho sobre crise de pânico, síndrome do pânico, como tentar controlar por conta própria e até o tratamento medicamentoso e o tratamento psicoterápico da pessoa que tá enfrentando uma síndrome do pânico, tá bom?

É isso aí, pessoal. Espero que vocês tenham curtido esse conteúdo, que vocês tenham aproveitado essa discussão aqui no Entrementes. Então, nos acompanhem, porque toda semana a gente posta conteúdos muito bacanas, muito informativos pra que você possa saber mais e conhecer melhor a sua saúde mental. Tá bom? Beijos! Fui!

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