Redução de danos e drogas em 5 perguntas | Maria Angélica Comis

A psicóloga clínica e redutora de danos, membro do Conselho Municipal de Políticas sobre Álcool e Drogas de São Paulo, esclarece as principais dúvidas sobre os objetivos da redução de danos.

Luiz Fujita Jr é jornalista, editor do Portal Drauzio Varella e criador do podcast Entrementes, sobre saúde mental. @luizfujitajr

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Entenda a abordagem da redução de danos em 5 perguntas.

 

O combate à dependência de drogas é um problema em muitas sociedades. A psicóloga clínica e redutora de danos Maria Angélica Comis, membro do Conselho Municipal de Políticas sobre Álcool e Drogas de São Paulo, esclarece as principais dúvidas sobre os objetivos da redução de danos para tratar dependências químicas.

 

O que é redução de danos?

É uma politica de saúde que no Brasil surgiu no final da década de 80, e serve como dispositivo para garantir os direitos dos usuários de substâncias e os princípios do SUS (universalização, integralidade e equidade). O trabalho do redutor de danos tem como objetivo fortalecer o vínculo com pessoas que fazem uso de substâncias para, desta maneira, estimular o autocuidado e a reflexão sobre o uso de drogas, além de prevenir a transmissão de doenças.

 

Como o redutor de danos atua em relação ao uso de drogas?

O redutor de danos costuma ir aos locais em que as pessoas fazem uso de substâncias. Então, por exemplo, podem ir a uma cena de uso realizar um trabalho de distribuição de piteira — para as pessoas não compartilharem o cachimbo — ou água para se hidratarem. Num contexto de festas, nós temos um estande de informação sobre as substâncias e cuidados para pessoas que têm alguma questão (ataque de pânico ou mal estar). Os serviços de Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de álcool e drogas também têm redutores de danos.

Então, a ideia é ir até o usuário e discutir a relação que ele tem tido com a substância, criando vínculo com os usuários para falar de um tema que muitas vezes é difícil.

 

A redução de danos funciona com todo tipo de droga, legal e ilegal?

Sim, a redução de danos serve para lidar com a hipocrisia em relação ao consumo de drogas. Desde consumo de álcool até de drogas ilícitas, como maconha, cocaína, crack. Quando um médico indica um calmante para uma pessoa, muitas vezes existe um tempo pelo qual ela necessita da medicação, e pode acontecer, por exemplo, com o Rivotril ou outros medicamentos prescritos, que a pessoa desenvolva uma dependência.

O objetivo da redução de danos é lidar com esse consumo, com a relação que essa pessoa estabelece com a substância. Por exemplo, quando sugerimos para alguém tomar água intercalando com o consumo de álcool, essa é uma estratégia de redução de danos.

 

Veja também: Artigo do dr. Drauzio sobre a redução de danos

 

Redução de danos é um tipo de tratamento?

Ela compõe o tratamento a partir de uma lógica de cuidado pautada na autonomia do indivíduo, na liberdade e no direito de escolher de que maneira ele quer se tratar. A redução tem como objetivo fortalecê-lo nas suas necessidades e demandas imediatas. Dessa maneira, ela é um caminho dentro de qualquer tratamento que ele escolha.

 

A redução de danos pode ser entendida como apologia ao uso de drogas?

A redução de danos é uma apologia à verdade. Porque ela discute o uso de substâncias por grande parcela da população e não só por pessoas que têm problemas decorrentes desse consumo. Grande parcela da população consome álcool, por exemplo, que é uma droga lícita com propaganda na televisão. De que maneira podemos lidar falando sobre o álcool? Fornecendo estratégias para evitar que pessoas passem mal, já que escolheram esse consumo.

 

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