Ortorexia: Obsessão por alimentos saudáveis pode virar doença

Pessoas excessivamente preocupadas com o que vão comer e que tenham hábitos ‘radicais’ podem sofrer de ortorexia. Leia mais sobre o assunto.

A ortorexia é um transtorno alimentar que foi diagnosticado recentemente e é pouco conhecido, mas que vem atingindo cada vez mais indivíduos.

Compartilhar

Publicado em: 12 de junho de 2013

Revisado em: 29 de julho de 2021

A ortorexia é um transtorno alimentar que foi diagnosticado recentemente e é pouco conhecido, mas que vem atingindo cada vez mais indivíduos.

 

Não comer em restaurantes e lanchonetes, passar horas a fio analisando a embalagem dos alimentos nos supermercados, só ingerir produtos saudáveis como frutas e cereais e não consumir nada que seja preparado por outra pessoa.

A ortorexia é um transtorno alimentar que foi diagnosticado recentemente e é pouco conhecido, mas que vem atingindo cada vez mais indivíduos. O termo, que deriva de duas palavras gregas (ortho: correto; e orexis: apetite), foi usado pela primeira vez pelo médico britânico Steve Bratman, em 1998, para definir um grupo de pessoas que tinham obsessão por se alimentar de maneira saudável, ou seja, sem consumir gorduras trans, conservantes e outros aditivos químicos.

No país, ainda não há uma estimativa do número de pessoas que sofrem do transtorno, mas é importante ficar alerta, pois se não for tratada, ela pode levar a outros transtornos, como anorexia e bulimia. Segundo a BBC Brasil, o Centro Nacional para Distúrbios Alimentares Britânico (NCFED) recebe mais de 6 mil ligações e e-mails por ano de pessoas que sofrem de ortorexia.

A médica Elisabete Almeida, diretora executiva do programa “Meu Prato Saudável”, parceria do Instituto do Coração (InCor) e do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP com a LatinMed Editora em Saúde, explica que os indivíduos que desenvolvem ortorexia ficam completamente obcecados pela procedência dos alimentos. “Geralmente, eles não comem carne, pois querem saber de onde ela vem, como o animal foi sacrificado. E isso, na maioria das vezes, não vem detalhado. Também não comem nada que tenha conservantes e analisam o valor calórico e nutricional de cada produto. Por isso não gostam de ingerir algo que tenha sido preparado por outras pessoas.

Em suma, o indivíduo com ortorexia passa a comer unicamente aquilo que considera saudável, natural, isento, por exemplo, de agrotóxicos. Ele automaticamente perde peso, já que não consegue obter todos os nutrientes necessários. Se a pessoa não achar nada que seja bom o suficiente, ela pode vir a desenvolver anorexia”, esclarece. Essa obsessão pode levar a diversos distúrbios nutricionais, como anemia, carência de vitaminas e osteoporose, que serão percebidos em longo prazo.

 

Ortorexia pode levar ao isolamento

 

Outro problema é que diante da ortorexia, em que o que realmente importa é a qualidade dos alimentos, os ortoréxicos podem se afastar do convívio social, inclusive dentro de casa, para evitar questionamentos. “Preocupar-se com a alimentação saudável é diferente de ser ortoréxico. A diferença está no grau de preocupação com o alimento ingerido e na restrição de nutrientes que são essenciais ao organismo”, salienta Elisabete. A metodologia do “Meu Prato Saudável” ensina: metade do prato deve conter verduras e legumes (crus e cozidos) e a outra metade, carboidratos, como arroz, massas e batata, e proteínas (animal e vegetal).

Para a médica, alguns fatores podem desencadear o distúrbio, como modismos alimentares, receitas milagrosas para emagrecer, culto ao corpo e a excessiva publicidade de produtos supostamente saudáveis na televisão. “Os ortoréxicos costumam levar essas tendências a níveis extremos”, diz.

O tratamento da ortorexia deve ser realizado por um psicólogo ou psiquiatra, ou por ambos os profissionais. “A pessoa necessita de intervenção. Quanto mais cedo ela procurar ajuda, melhor”, completa Elisabete.

Veja mais

Sair da versão mobile