Drauzio conta a história do senhor Papaguara, indígena do médio Rio Negro, que colhe a piaçaba, um tipo de palmeira usada para fazer as tradicionais vassouras piaçabas.
Em uma de suas viagens para o Rio Negro, no Amazonas, Drauzio conheceu seu Papaguara. Já na faixa dos 50 anos, o senhor era baixo, tinha cabelos muito pretos e uma paz interior de dar inveja em quem vinha da cidade grande. Ao longo da conversa, ele contou em detalhes a rotina de extração da piaçaba (fibra de palmeira utilizada para fazer vassoura) na região.
Quando o rio enche, os piaçabeiros vão com suas famílias no lugar onde crescem as piaçabas. A freguesia, como são chamados, faz o próprio assentamento e lá permanece extraindo piaçaba até a cheia do ano seguinte. Só aí o patrão retorna, para saldar as dívidas adquiridas durante a permanência do grupo, como os suprimentos por ele fornecidos, a partir da quantidade de piaçaba extraída.
Papaguara permaneceu nessa rotina por sete anos, onde aprendeu a fazer partos com uma das mulheres da região. Durante sua permanência, foram mais de 60 nascimentos. Surpreendentemente, ele foi um dos que deram sorte: muitos piaçabeiros nascem, crescem e morrem sem conseguir sair do piaçabal.
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