DrauzioCast #020 | Óleo de rícino

Já ouviu falar que essa substância é boa para dores articulares? Dr. Drauzio comenta neste podcast sobre óleo de rícino.

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Publicado em: 29 de agosto de 2018

Revisado em: 16 de março de 2021

Já ouviu falar que essa substância é boa para dores articulares? Dr. Drauzio comenta neste podcast sobre óleo de rícino.

 

 

 

Alguns anos atrás uma senhora que sofria de reumatismo me contou ter sido tratada com óleo de rícino. Isso mesmo. Duas vezes por semana ela ia ao consultório e o médico perguntava “hoje a senhora prefere o vermelho ou o alaranjado?”. Vermelha era a cor do pote que continha óleo de rícino com groselha; no outro, o óleo vinha misturado com essência de laranja, para disfarçar o gosto insuportável.

Tenho uma novidade: o mais desconcertante é que a senhora estava convencida que, graças à ação do famigerado óleo, as dores estavam em período de acalmia. Óleo de rícino é dotado de atividade anti-reumática? É pouco provável, mas a medicina naquele tempo oferecia recursos pequenos e não era baseada em evidências experimentais como a de hoje. Os médicos adotavam condutas e receitavam remédios com base em teorias jamais comprovadas cientificamente, ou de acordo com ideias pré-concebidas em experiências pessoais. 

Parte expressiva desse entulho do empirismo ainda se acotovela nas prateleiras das farmácias, sob rótulos de protetores do fígado, fortificantes, revitalizadores, complexos vitamínicos e de mirabolantes associações de panacéias que apregoam no rádio e na TV curar males tão diversos, como falta de memória, fraqueza, irregularidades menstruais, gripes e doenças do fígado.

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O caso da vitamina C é um bom exemplo. Nos anos 1970, o cientista Linus Pauling lançou a ideia de que vitamina C em doses altas melhoraria a imunidade, preveniria gripes, resfriados e até câncer. Embora Pauling tenha sido agraciado duas vezes com o prêmio Nobel — o de Química e o da Paz —, ele entendia de medicina quanto eu de pontes e de barragens.

O resultado foi o uso indiscriminado de vitamina C, porque usuários contumazes que passam dois anos sem gripe atribuem à vitamina o poder protetor. Quem teve um resfriado que foi embora em dois ou três dias, enquanto o do vizinho levou cinco, faz o mesmo.

O uso de vitamina C alardeado por Pauling ainda rende centenas de milhões de dólares em vendas anuais, mas não foi suficiente para livrá-lo do câncer de próstata no fim da vida, nem demonstrou qualquer eficácia na prevenção ou tratamento de gripes e resfriados em nenhum estudo científico realizado.

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