DrauzioCast #140 | Coronavírus: Como a ciência funciona

Dr. Drauzio Varella explica neste episódio como a ciência funciona e por que as orientações e informações podem mudar a todo instante.

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Publicado em: 11 de novembro de 2020

Revisado em: 9 de setembro de 2021

Com a descoberta do novo coronavírus, a ciência conhece aos poucos suas características. Dr. Drauzio explica como funciona a ciência.

 

 

 

Olá, meus amigos. Essa pandemia traz um monte de oportunidades de aprendizado. Pra ciência nem se fala, mas também pra política e pra nós mesmos, como indivíduos. Eu vejo muitas pessoas comentando que “uma hora tem estudo que mostra que cloroquina funciona, depois não”, “uma hora falam que máscara de tecido não serve pra nada, agora tem que usar em todo lugar”, e coisas assim.

Esse tipo de pensamento mostra o quanto a ciência NÃO faz parte da vida das pessoas. Esses exemplos que eu falei não são exemplos de como a ciência não sabe o que está fazendo. São exemplos justamente de como a ciência funciona. Você vai lá, observa um fenômeno — no caso atual, o novo coronavírus –, vê o que ele faz, analisa casos diferentes, testa um tratamento que por um conhecimento prévio tem boa segurança e chance de dar certo, vê o que acontece, testa outro tratamento e por aí vai.

Nesse caminho todo, a ciência encontra alternativas que não dão certo. Ou alternativas que parecem dar certo no início, mas que analisando mais detalhadamente, na verdade não ajudam e podem até ser prejudiciais. Tudo isso é normal.

No começo da pandemia, a gente via doença, analisava o vírus, comparava com outros vírus parecidos, com doenças parecidas, e podia criar uma ideia da sua gravidade. Conforme a pandemia avançava, a gente ia recebendo mais informações. Como a doença age em crianças? E em idosos? E em quem já tem outras doenças? E em grávidas? É uma doença que pega mais fácil que outras? Quem pega começa a ter sintomas quando? Antes de ter sintomas já transmite? Tudo isso foi acontecendo e em um determinado ponto a gente pôde fazer uma análise melhor: aquela nossa primeira ideia da potencial gravidade da covid-19 estava subestimada.

O que precisa ficar claro é que isso não é nenhuma vergonha. É justamente assim que a ciência funciona. Fazendo deduções embasadas no conhecimento científico prévio, testando hipóteses, descobrindo que deduções anteriores estavam equivocadas, identificando onde está o equívoco e corrigindo. Isso é ciência.

Esse é o aprendizado que a gente precisa ter. Caso contrário, sem a ciência como guia, a gente vai ficar só andando em círculos, enquanto milhares morrem à nossa volta.

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