Perguntas e respostas sobre cuidados na volta às aulas na pandemia

Veja como minimizar os riscos de contaminação pelo Sars-CoV-2 na volta às aulas presenciais.

desenho sinalizando volta às aulas presenciais na pandemia

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Publicado em: 17 de fevereiro de 2021

Revisado em: 10 de junho de 2021

Veja cuidados necessários com as crianças para prevenir a infecção por coronavírus na volta às aulas presenciais em 2021. 

 

Depois de quase um ano de pandemia e aulas à distância, a maioria dos estados decidiu retomar as aulas no primeiro trimestre do ano e muitos pais e responsáveis estão preocupados com a exposição de seus filhos neste retorno. Vivemos hoje uma realidade completamente diferente da que estávamos habituados, e com os números da pandemia em alta novamente, é preciso orientar as crianças sobre os cuidados necessários para reduzir o risco de contaminação no ambiente escolar. Separamos algumas dúvidas a respeito do assunto: 

 

Como fazer as crianças usarem máscara na escola?

 

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que crianças usem máscara a partir dos 2 anos de idade. Antes disso, não é indicado, pois existe risco de sufocamento. Com crianças maiores, é mais simples a orientação. Mas entre 2 e 7 anos, os pais precisam “treinar” as crianças para ficarem de máscara, incentivando-as a usar o item em casa, enquanto brincam, por exemplo, para que elas possam se adaptar. 

“A gente observa no dia a dia que as crianças já estão começando a se habituar. Claro que a criança vai colocar um pouco mais a mão na máscara, no rosto, tira um pouquinho mais, mas quanto mais a gente pratica em casa, melhor vai ser o retorno na escola”, explica o dr. Fausto Flor Carvalho, médico pediatra e presidente do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

 

Quantas máscaras é necessário levar para a escola?

 

No mínimo, duas: a que já está no rosto e uma reserva na mochila. A recomendação dos órgãos de saúde é que a máscara seja trocada após 2 a 4 horas de uso, ou assim que ficar úmida. Por isso, é necessário que a criança tenha máscaras reservas. 

De acordo com o pediatra, o ideal seria que cada aluno trocasse a primeira máscara na entrada da aula, depois uma nova troca durante a aula, e uma última troca antes de ir embora (seriam 4 máscaras no total). “A gente sabe que, na prática, isso é bastante complicado, porque tem famílias que não tem condições. Mas a gente recomenda que a criança aprenda a trocar e tenha pelo menos uma máscara de reserva.”  Nesse caso, ela deve trocar uma vez durante o período de aula. 

Veja também: Existem cuidados especiais com as crianças para evitar o coronavírus?

E como fazer o descarte? No caso de máscaras descartáveis, a recomendação é colocar em um saquinho de papel e descartar em um lixo adequado – segundo o médico, as escolas agora terão que trabalhar como clínicas e hospitais, tendo uma espécie de “lixo infectado” para o descarte adequado das máscaras. No caso de máscaras reutilizáveis, a criança deve ter um recipiente, como um saco plástico, para guardar a máscara na mochila e levar de volta para casa para higienização.

Vale orientar a criança de que a máscara é de uso individual e não deve ser compartilhada com nenhum colega. 

 

É arriscado compartilhar materiais escolares?

 

Objetos como lápis, borracha e apontador não devem ser compartilhados. Apesar de as crianças terem esse hábito, é importante que os pais ou responsáveis conversem com elas em casa e expliquem que não é o momento de dividir o material com os colegas. A mesma orientação serve para outros itens de uso pessoal, como garrafinhas de água. 

“O que a gente percebe é que quando a criança é orientada, ela absorve facilmente. É claro que aquela criança de 2, 3 aninhos vai ter dificuldade. Mas a maioria vai suportar, entender e tirar de letra. Elas se adaptam muito mais rápido que a gente, do que nós adultos”, afirma o dr. Carvalho. 

 

 

Que cuidados tomar no momento da refeição?

 

Na hora da refeição, as crianças estarão sem máscara. Por isso, é preciso manter pelo menos 1,5 metro de distância entre elas. “É possível as crianças fazerem a refeição no próprio ambiente de aprendizagem, ou em um ambiente ao ar livre, um lugar bem arejado, e que haja higienização das mãos e se possível não haver alguém manipulando esse alimento”, explica o médico.

O ideal é que o alimento seja levado de casa, se possível, ou, caso saia da cozinha ou cantina da escola, que seja embalado de forma que haja diminuição da quantidade de partículas e baixo risco de contaminação. 

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Os bebedouros só devem ser usados para encher o copinho ou garrafinha de água dos alunos, e não  para beber diretamente dele. No caso de crianças menores, normalmente um adulto dará suporte na hora de pegar água. 

 

É seguro mandar as crianças para escola no transporte escolar?

 

Vai depender da situação: quantidade de pessoas no transporte, ventilação, distanciamento físico. É importante que elas tenham a possibilidade de manter o distanciamento dentro do transporte e que as janelas fiquem abertas. Além da máscara, que é indispensável, é interessante que a criança tenha com ela um frasco de álcool em gel para higienizar as mãos sempre que pegar na maçaneta ou na porta do veículo, por exemplo. 

Se a escola for perto de casa e houver a possibilidade de levar a criança a pé, o médico recomenda que essa opção seja a escolhida. “Não é fácil, não tem uma resposta pronta, mas o caminho é esse. Conhecer a realidade, tentar adaptar para esse mundo novo em que nós estamos e tentar caminhar dentro do possível”, diz.  

 

É possível haver um retorno com segurança?

 

Risco zero não existe. Mas é possível minimizar os riscos. Além de tomar medidas para evitar a aglomeração de alunos, como manter uma distância maior entre as mesas, a escola deve priorizar lugares arejados, realizar a limpeza frequente de espaços e materiais e disponibilizar água, sabão e álcool gel para higienização das mãos. “Mantendo distanciamento, a gente tendo a higienização, o fluxo de alunos se possível ser contínuo (ou seja, a criança entrar na escola, ir para a sala, ficar na sala com ambiente bem arejado e sair por um outro fluxo), isso realmente reduz bastante o risco de contaminação no meio escolar”, afirma o dr. Carvalho. 

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Para o pediatra, seria importante implementar a testagem de professores e de alunos maiores. “A gente é favorável que as aulas voltem, mas tem que ter cautela de estar testando para saber quando uma escola está tendo vários casos, parar um pouco, ficar com a aula à distância, para não haver surtos grandes”, explica. Além disso, ele diz que é preciso monitorar o número de leitos ocupados nas UTIs pediátricas, e não somente nas unidades de adultos, como tem sido feito pelos governos, até porque existem poucos leitos de UTI pediátrica no Brasil. 

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