Com que frequência você usa fones de ouvido? Para muitas pessoas, ele é indispensável no transporte público, no trabalho, na academia e até mesmo em momentos de lazer. Porém, o uso frequente ou em volume excessivamente elevado pode causar danos à audição.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de um bilhão de jovens adultos correm o risco de sofrer perda auditiva permanente e evitável por conta de práticas de escuta inseguras.
Segundo Augusto Abrahão, otorrinolaringologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, para preservar a saúde auditiva, a recomendação é seguir a regra do 60/60, ou seja, manter o volume abaixo de 60% da capacidade total do dispositivo e não ultrapassar os 60 minutos seguidos. “Após o uso do fone, o nosso ouvido leva de 45 a 60 minutos para se recuperar da exposição sonora. Esse período de descanso é fundamental para reduzir riscos de dano às células auditivas”, explica.
Para identificar se o som está alto demais, a dica é retirar o fone do ouvido e esticar o braço e observar se ainda continua escutando o áudio com clareza. “Se sim, significa que a altura está acima do desejado. O recurso de cancelamento de ruído auxilia que o fone não precise ficar tão alto para ter a clareza do áudio, uma vez que isolando o meio externo não há necessidade de manter o som em volume mais alto”, diz o especialista.
Riscos do uso inadequado dos fones de ouvido
A questão central, de acordo com o médico, não é o dispositivo em si, mas sim o volume e o tempo de exposição. “O principal e mais grave dano é a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR). A exposição contínua a volumes superiores a 85 decibéis (dB), valor que é facilmente atingido em smartphones e players de música, lesiona as células ciliadas da orelha interna”, afirma.
Essas células são responsáveis por transformar as ondas sonoras em impulsos elétricos que o cérebro interpreta como som. “Quando essas células são lesionadas, não se regeneram, o que torna a perda auditiva permanente”, completa.
Entre os sintomas causados pelo uso excessivo estão zumbidos, chiados e sensação de ouvido tapado. Mas além dos danos auditivos, o uso incorreto dos fones de ouvido pode causar outros problemas. Os modelos intra-auriculares, que são inseridos diretamente no canal auditivo, podem provocar irritação e facilitar infecções.
“Quando não são higienizados corretamente ou são compartilhados, tornam-se vetores de bactérias e fungos, levando a inflamações e até abscessos. O uso contínuo também empurra o cerúmen para dentro do canal, causando obstrução e desconforto”, detalha Augusto.
Por isso, recomenda-se limpar os fones regularmente e não compartilhar o dispositivo com outras pessoas, para evitar a transmissão de microorganismos.
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Quando buscar avaliação médica
É preciso observar os sinais de alerta que indicam a necessidade de buscar avaliação de um profissional de saúde, como zumbido persistente, dificuldade para entender conversas, necessidade de aumentar muito o volume de dispositivos eletrônicos, sensação de ouvido tapado e dor ou desconforto após exposição ao som.
“Mesmo perdas [auditivas] discretas já prejudicam a compreensão da fala, especialmente em ambientes ruidosos”, destaca.
Cuidados gerais com a saúde auditiva
Segundo o especialista, ao longo da vida, todas as pessoas vão perder um pouco da audição, principalmente das frequências mais agudas — essa perda é chamada de presbiacusia. “O que muda entre as pessoas é a velocidade e o grau dessa perda, o que depende de fatores como genética, estilo de vida, exposição a ruídos e cuidados auditivos ao longo da vida”, esclarece.
Para amenizar esse impacto, as orientações incluem:
- Evitar a exposição prolongado a sons altos;
- Manter hábitos saudáveis;
- Controlar doenças como diabetes, hipertensão e colesterol alto, que afetam a microcirculação do ouvido;
- Fazer avaliações regulares com um médico otorrinolaringologista;
- Tratar infecções e alergias adequadamente;
Além disso, há a possibilidade de reabilitação auditiva. “O aparelho de amplificação sonora individual atualmente é uma ótima opção para reabilitação auditiva do paciente, hoje dispondo de vários artifícios para trazer maior conforto e praticidade ao uso”, conclui.
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