Câncer de próstata na velhice: como fica o tratamento?

Dependendo do grau do tumor, a vigilância ativa pode ser suficiente para pacientes assintomáticos com mais de 70 anos de idade.

Compartilhar

Publicado em: 24 de novembro de 2022

Revisado em: 14 de dezembro de 2022

Dependendo do estadio do tumor, a vigilância ativa pode ser suficiente para pacientes assintomáticos com mais de 70 anos de idade. Veja as orientações para o câncer de próstata na velhice.

 

O câncer de próstata é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.

A patologista Kátia Ramos Moreira Leite explica que à medida que o homem envelhece, o risco de ter câncer de próstata também aumenta consideravelmente. 

“Se você fizer uma autópsia na próstata de um paciente com 85, 90 anos, há 90% de risco de encontrar células tumorais ali. Mas isso não quer dizer que ele precisaria ser tratado imediatamente, porque muitos pacientes convivem com a doença sem apresentar sintomas”, explica.  

 

Progressão lenta do câncer de próstata na velhice

Tumores na próstata têm uma característica interessante, quando comparados aos demais cânceres: a sua progressão costuma ser lenta, ou seja, ele demora alguns anos para se espalhar pelo organismo, manifestar sintomas e causar danos. 

Para se ter uma ideia, cerca de 30% dos tumores são diagnosticados em uma fase em que não trazem risco de morte ou de complicações graves, muito diferente de um diagnóstico de câncer de mama, de bexiga ou de cólon, que na maioria das vezes é classificado como urgência oncológica cujo tratamento precisa ser feito imediatamente. 

Por isso, quando os tumores de próstata são classificados como de baixo risco, segundo o Escore de Gleason (classificação histopatológica do câncer de próstata que mais se usa em todo mundo)  que vai de 1 a 7 (quanto mais baixo o escore, menos agressivo o tumor), eles são tratados a partir de um método denominado vigilância ativa. Isso quer dizer que o paciente fica sob orientação médica de maneira periódica, mas sem a necessidade de uma intervenção cirúrgica em um primeiro momento, preservando-os de possíveis efeitos colaterais, como incontinência urinária e disfunção erétil

“Esse paciente é acompanhado a cada três meses, faz exames periódicos de toque retal e PSA, além de ressonância magnética uma vez por ano. Com isso, o especialista consegue acompanhar o tumor de uma maneira não invasiva. Isso vale tanto para o paciente jovem, quanto para o paciente mais velho. O mais interessante é que ele pode passar anos com a doença, mas não morrer em decorrência do tumor”, explica a dra. Kátia, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).

Veja também: Principais problemas que acometem a próstata

 

Rastreamento 

A recomendação é que todos os homens entre 55 e 69 anos façam exames para detecção precoce do câncer de próstata, como os de dosagem de PSA no sangue e toque retal, a cada dois anos. 

Homens negros ou com fatores de risco como histórico familiar de câncer de próstata, câncer de mama, câncer de ovário ou câncer de pâncreas devem começar aos 40 anos. A partir dos 70 anos, o rastreamento poderá ser realizado para aqueles com expectativa de vida acima de 10 anos. “É uma discussão que é feita em conjunto com o paciente, de maneira individualizada, segundo histórico de comorbidades daquele indivíduo. Há pacientes idosos, com mais de 70 anos, com a saúde em dia, que correm maratonas, com vida social ativa. Então, depende muito”, conta a médica. 

 

Bom prognóstico 

Outra característica positiva em relação a esse tumor é que ele, normalmente, tem um bom prognóstico e várias opções terapêuticas, mesmo que o tumor esteja avançado, em especial quando for localizado ou regional (normalmente antes que os sintomas se desenvolvam). Morrem mais homens com câncer da próstata do que por conta dele. “É um tumor que sempre dá pra fazer alguma coisa”, finaliza a médica. 

Veja também: Saúde do homem: autocuidado vai além do exame de próstata

Veja mais