Muita gente, incluindo médicos, acha que usar óculos no início dos sintomas de perda da visão pode “acostumar” os olhos ou piorar o quadro. Descubra se isso faz sentido.
A cena é comum: uma pessoa por volta dos 40 anos percebe que as letras começam a se embaralhar, e que para conseguir ler precisa esticar o braço que segura o livro. Depois de um tempo, a distância necessária para identificar as frases vai aumentando, e já não é mais possível ler letras pequenas. Preocupada, ela procura um oculista, que diagnostica a presbiopia, um distúrbio causado pelo envelhecimento natural dos olhos que leva à perda da elasticidade do cristalino, espécie de lente situada atrás da íris cuja transparência permite que os raios de luz o atravessem e alcancem a retina para formar a imagem.
Muita gente, incluindo médicos, acha que usar óculos no início dos sintomas de perda da visão pode “acostumar” os olhos ou piorar o quadro. “É preciso deixar claro que os óculos servem para enxergar melhor, dar mais qualidade de vida e conforto. Não são tratamento, portanto não melhoram nem pioram o problema de visão”, explica a dra. Iara Debert, oftalmologista do Departamento de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (HCFMUSP).
A presbiopia, por estar relacionada ao envelhecimento, progride com o tempo, independentemente do uso de óculos. Outros problemas de visão mais comuns, como astigmatismo, miopia e hipermetropia, também podem se agravar, e isso nada tem a ver com os óculos.
“O que acontece é que a pessoa se acostuma com o conforto de enxergar melhor com os óculos, aí quando tira [os óculos], pode achar que o quadro piorou”, afirma a médica.
Óculos adequados
A adoção ou não dos óculos de leitura não faz diferença na evolução da presbiopia, mas forçar muito a visão pode trazer problemas físicos, como dor de cabeça e nos olhos. A escolha de usar ou não óculos é individual, e depende do quanto a dificuldade para enxergar atrapalha o dia a dia.
No caso de crianças com problemas de visão, enxergar mal pode comprometer o desempenho escolar e gerar insegurança, além dos sintomas físicos já citados. Assim, é recomendado consultar um oftalmologista ainda na infância, para identificar possíveis problemas de visão e a necessidade de correção por meio de óculos ou tratamentos específicos.
Quem optou pelos óculos deve escolher um par com o grau adequado para si, pois um grau maior do que o necessário, por exemplo, também pode causar problemas como dor de cabeça e dificuldade de realizar as atividades diárias. Portanto, o hábito de pegar os óculos de outra pessoa emprestados deve ser evitado.
No caso de pessoas com outros problemas de visão, a recomendação é a mesma: se você notar que sua visão está comprometida, procure um oftalmologista para uma avaliação. Caso precise de óculos, o médico saberá indicar o grau adequado.
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