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Vacinas não têm relação com casos de microcefalia

Boatos sobre o zika vírus e a vacina contra a rubéola estão circulando nas redes sociais. Infectologista explica por que eles são infundados.
Publicado em 18/12/2015
Revisado em 14/04/2021

Boatos sobre o zika vírus e a vacina contra a rubéola estão circulando nas redes sociais. Infectologista explica por que eles são infundados.

 

As vacinas, muitas vezes, são alvos de boatos que circulam com uma velocidade surpreendente e confundem as pessoas. Nos últimos dias, internautas espalharam que vacinas vencidas contra a rubéola foram aplicadas em gestantes no estado de Pernambuco, ocasionando, por sua vez, os inúmeros casos de microcefalia.

“Essas mensagens são completamente infundadas. No Brasil há mais de 36 mil postos de vacinação e todos seguem critérios rigorosos de armazenamento e refrigeração. Não vejo nenhuma possibilidade de isso ter ocorrido”, explica o infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Com o objetivo de esclarecer esse assunto, o médico responde às principais dúvidas sobre o tema. E atenção: evite compartilhar mensagens alarmistas, principalmente se não conseguir comprovar sua fonte.

 

De onde surgiram os boatos e por que eles são falsos?

 

Não se sabe de onde surgiram, mas começaram a circular pelas redes sociais diversas mensagens afirmando que mulheres grávidas teriam tomado vacinas contra a rubéola de um lote vencido no Nordeste, o que teria ocasionado os casos de microcefalia. Os boatos, se fossem verdadeiros, isentariam o Zika virus de sua responsabilidade. Não há sentido nenhum nessa afirmação, até porque mulheres gestantes não devem ser vacinadas contra a rubéola.

O calendário nacional de vacinação prevê que a vacina da rubéola seja aplicada aos 12 meses e aos 15 meses (dentro da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola). Esta é uma vacina produzida com vírus vivos e atenuados, que não são capazes de provocar as três doenças. É possível tomar a vacina em outros momentos da vida, mas nunca durante a gestação. As mulheres grávidas que não foram vacinadas antes da gestação devem receber a vacina somente após o parto.

 

Mas o que acontece se uma mulher grávida tomar a vacina?

 

Em 2001, aqui no estado de São Paulo, tivemos uma campanha de vacinação contra a rubéola. Em todo o estado foram vacinadas 4.408.844 meninas e mulheres entre 15 a 29 anos de idade, atingindo-se uma cobertura vacinal de 91,16%. E acredite: 6.473 gestantes foram inadvertidamente vacinadas. Acompanhamos e monitoramos essas mulheres de perto e não houve nenhum caso de infecção do bebê por Síndrome da Rubéola Congênita. Trata-se da maior casuística do mundo.

O que eu quero dizer é que o risco é teórico, ou seja, existe, por isso não se deve tomar a vacina durante a gravidez. Mas se isso acontecer, seja por erro ou por desconhecimento da pessoa, não significa que a mulher necessariamente vai ter um filho com má-formação.

 

E, mesmo sabendo que isso é pouco provável, o que aconteceria se alguém tomasse uma vacina vencida?

 

A vacina não teria o efeito de proteção, mas não traria malefícios para o indivíduo.

 

Agora falando do Zika vírus, se uma mulher for contaminada e dois meses depois, por exemplo, engravidar, o bebê terá algum risco?

 

Não, porque o período em que o vírus circula no organismo é de no máximo sete dias. O que não é recomendado é entrar em contato com o mosquito Aedes aegypti durante a gestação.

 

Em relação à amamentação, a mulher deve continuar a amamentar mesmo se for contaminada?

 

Sim. Ainda não há nenhuma evidência de transmissão do vírus pelo leite materno e embora exista um risco teórico de isso ocorrer, o benefício da amamentação é muito superior a ele.

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