Como a quantidade de óvulos é limitada, é interessante acompanhar sua reserva ovariana caso tenha planos de ter filhos.
Você já ouviu falar em reserva ovariana? Ao contrário dos homens, nós, mulheres, não produzimos novos gametas ao longo da vida. Ao nascer, temos um número limitado de óvulos, estimado em 300 mil. Eles começam a amadurecer em levas e aguardam com paciência a hora certa de serem liberados durante o ciclo menstrual.
A cada menstruação vamos perdendo um pouquinho do nosso estoque. Quando entramos na adolescência já perdemos aproximadamente um terço dos óvulos, ficando com cerca de 180 mil. Aos 25 anos, sobram cerca de 65 mil.
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Mas você deve estar imaginando: para que tantos óvulos assim, se não chegamos a menstruar 300 mil vezes ao longo da vida? O que ocorre é que a cada ciclo menstrual gastamos até mil óvulos. É um número relativamente alto, mas lembre que somente um deles vai amadurecer e ser liberado para — possivelmente — ser fertilizado.
A diminuição da quantidade de óvulos é um processo natural e que não pode ser impedido. É por esse motivo, entre outros, que com o passar dos anos fica um pouco mais difícil para a mulher engravidar. O dr. Domingos Mantelli, médico ginecologista e obstetra, explica que quando a mulher atinge os 40 anos, seu estoque está praticamente vazio. “Outra questão importante a se considerar é que os últimos óvulos a serem liberados têm mais defeitos genéticos. Há um risco maior, portanto, de síndromes, má-formações e abortos espontâneos”, explica.
Por isso, se você deseja encarar uma gravidez no futuro, é importante certo planejamento, e aí entra a importância de avaliar a quantas anda sua reserva ovariana, ou seja, quantos óvulos você possui. Para tal avaliação, são realizados exames de sangue específicos e também de imagem. É importante estar atenta a essa questão porque nem sempre os ginecologistas costumam pedi-los. Geralmente cabe à paciente, que planeja uma gravidez, de puxar o assunto e pedir informações sobre o assunto.
Um dos principais exames de sangue para avaliar a reserva ovariana se chama hormônio antimülleriano (HAM ou AMH, do inglês). Essa substância é produzida pelas células dos ovários responsáveis por controlar o desenvolvimento dos folículos. “É um dos melhores marcadores de reserva ovariana que temos. Se a mulher está tentando engravidar há algum tempo e não consegue, com ele também é possível verificar a suspeita de que pode ser um caso de menopausa precoce.” Esse é um exame simples, que pode ser feito em qualquer período do ciclo menstrual da mulher, mas infelizmente não é coberto pelo SUS e seu valor varia entre R$400 e R$800.
É necessário ressaltar que esse exame não é um marcador de infertilidade. Ele tem a função de mostrar a urgência ou não de realizar um tratamento específico para engravidar, como abrir mão do uso de contraceptivos, se deseja ter uma gestação nos próximos meses, ou congelar óvulos, se quiser postergar os planos mais um pouco.
Outro exame bastante utilizado pelos médicos para verificar a reserva ovariana é o ultrassom transvaginal, um exame de imagem que deve ser feito nos primeiros dias do ciclo menstrual e permite saber quantos folículos a mulher ainda possui. Menos de dez indica baixa reserva; mais de 20, alta. O exame é coberto pelo SUS e por convênios médicos.