Quase 1/5 das adolescentes de SP já usaram pílula do dia seguinte

A pílula do dia seguinte só deve ser tomada em situações de emergência, não de forma rotineira.

médico mostra cartela de pílula do dia seguinte para paciente

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Publicado em: 23 de junho de 2013

Revisado em: 11 de agosto de 2020

Levantamento sobre a pílula do dia seguinte em São Paulo mostra que 23% das meninas entre 10 e 15 anos já usaram o medicamento.

 

Pesquisa divulgada em junho de 2013 pela Casa da Adolescente, unidade ligada à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, aponta que 23% das adolescentes do sexo feminino já usaram a pílula do dia seguinte para evitar gravidez. O levantamento realizado pelo serviço, que entrevistou 600 pessoas com idade entre dez e 15 anos, ainda mostra que 75% das meninas e 60% dos meninos já conheciam a utilização do medicamento para impedir uma gestação indesejada.

“A pílula do dia seguinte é um contraceptivo de emergência, uma exceção, não algo rotineiro. Ela deve ser utilizada quando houver falha de outro método contraceptivo, como se a camisinha estourar, por exemplo, ou quando acontece a relação sexual e a pessoa não está preparada”, explica o médico ginecologista Luciano Pompei, professor da Faculdade de Medicina do ABC.

 

Veja também: Entrevista sobre pílula do dia seguinte

 

O medicamento tem uma dose hormonal maior se comparado ao anticoncepcional convencional, que a mulher deve tomar todos os dias para evitar a gravidez. A pílula que usa o princípio ativo chamado levonorgestrel tem duas apresentações no mercado: uma que concentra toda a dose em um único comprimido de 1500 mg e outra em dois de 750 mg. Ambos devem ser tomados do mesmo modo, em dose única.

Anteriormente, pedia-se que as mulheres tomassem um comprimido logo após a relação sexual e outro 12 horas depois. Como muitas acabavam se esquecendo de tomar a outra dose e estudos revelaram que a eficácia de tomar os dois juntos era a mesma, a indicação acabou mudando.

Pompei explica que o principal objetivo da pílula é bloquear a ovulação e com isso dificultar a incidência de gravidez. Caso a mulher não tenha ovulado, o anticoncepcional de emergência deverá impedir ou retardar a liberação do óvulo, evitando a fertilização. “Ela também pode alterar as tubas uterinas e o endométrio de forma a dificultar a chegada do espermatozoide até o óvulo”, diz.

O medicamento deve ser utilizado preferencialmente até o terceiro dia após a relação sexual, mas também pode oferecer proteção até o quinto. Entretanto, quanto maior a demora em tomar a pílula, menor sua eficácia. “Com a pílula anticoncepcional comum, o risco de engravidar é da ordem de 0,3 gestações para cara 100 mulheres. A pílula de emergência reduz esse risco em até 80%”, ressalta.

Albertina Duarte, coordenadora do Programa Estadual de Saúde do Adolescente, também alerta que a pílula do dia seguinte não protege contra infecções sexualmente transmissíveis. “A pílula do dia seguinte pode apresentar um índice de falha 15 vezes maior do que o anticoncepcional convencional.” A especialista alerta que a recomendação desse medicamento só deve ser feita em casos emergenciais, apoiada em uma ação educativa quanto aos riscos à saúde.

 

Efeitos

 

O principal efeito colateral da pílula do dia seguinte  é alteração na data da menstruação, que pode ocorrer antes ou depois do esperado, em decorrência da alta taxa hormonal. “De resto, ela é bem tolerada, mas existem mulheres que têm dor de cabeça, enjoo e dor de estômago”, afirma Pompei. Em relação a tomar duas doses em um único mês, o médico é enfático. “O problema de tomar a pílula mais de uma vez no mesmo ciclo é que não dá para garantir a mesma eficácia. Além disso, seria o caso de se pensar em outro método contraceptivo, e não em um de emergência.”

 

SUS

 

O Ministério suspendeu desde 2012 a utilização de receita médica para o acesso à pílula do dia seguinte na rede pública, já que ter de esperar por uma receita poderia colocar em risco a eficácia do anticoncepcional. Na hipótese de não haver médico disponível no pronto-atendimento, o contraceptivo poderá ser entregue por enfermeiros, que também deverão orientar a mulher sobre a utilização do método. Adolescentes, porém, precisam estar acompanhados dos pais para retirar o remédio, já que são menores de idade.

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