5 perguntas e respostas sobre gravidez de múltiplos

Problemas que podem surgir na gestação de apenas um feto são mais frequentes em gravidez de múltiplos. Conheça alguns deles e saiba quais os cuidados necessários.

Mulher grávida segurando dois pares de meia ao lado barriga. Gravidez de múltiplos deve ser acompanhada

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Publicado em: 21 de maio de 2019

Revisado em: 25 de julho de 2023

Problemas que podem surgir na gestação comum são mais frequentes em gravidez de múltiplos. Conheça alguns deles e os cuidados necessários.

 

A gravidez de múltiplos pode ser bem diferente de uma gestação única porque a sobrecarga para o corpo da mulher é muito maior. Complicações também são mais frequentes nesse tipo de gravidez. Para prevenir problemas graves, é importante ter acompanhamento médico bem próximo e cuidados específicos. Separamos cinco questões comuns sobre o tema.

 

Veja também: Quais exames as grávidas devem realizar durante o pré-natal?

 

Quais são os principais riscos para a mãe?

 

Toda gestação com mais de um feto é considerada de risco e exige cuidado e atenção específicos. Quanto mais fetos, maior o risco de complicações. A frequência cardíaca e o volume de sangue que circula no corpo da mãe aumentam mais que em gravidezes únicas, o que faz com que a gestante retenha mais líquido, fique mais inchada e cansada e, em alguns casos, mais sonolenta. Além disso, normalmente o ganho de peso é maior, o que pode gerar desconfortos como dor pélvica e lombar.

O risco de sangramento no início da gestação fica em torno de 30%, enquanto na gravidez única esse número é de 20%. Além disso, o risco de desenvolver anemia, diabetes e pré-eclâmpsia (a hipertensão arterial da gravidez) também é maior. “A pré-eclâmpsia acontece em ¼ dos casos. Ou seja, a cada quatro gestantes de gêmeos, uma terá pré-eclâmpsia. Essa taxa é em torno de três vezes maior que na população que tem gestação única”, explica a dra. Carolina Burgarelli, ginecologista e obstetra da Maternidade Pro Matre Paulista.

 

Por que o parto prematuro é tão frequente?

 

De acordo com a médica, o parto prematuro ocorre em cerca de 50% dos casos de gravidez de múltiplos. Nas gravidezes, o músculo do útero se distende e, quando chega em certo ponto, a mulher entra em trabalho de parto. No caso de gestação de mais de um bebê, a musculatura uterina estica mais e, assim, o ponto de início de trabalho de parto pode ser atingido antes.

Por conta da prematuridade, da restrição de fluxo sanguíneo e do espaço menor para cada bebê, é comum, nesse tipo de gestação, os bebês nascerem bem pequenos. Ainda assim, a obstetra explica que, em alguns casos, o parto prematuro é o caminho mais seguro para evitar complicações graves. “Existem os prematuros que são prematuros porque a mãe entra em trabalho de parto antes da hora, mas existem aqueles que precisam ser prematuros. Quando há apenas uma placenta, por exemplo, eles precisam nascer um pouco antes”, explica.

Nos casos em que os bebês dividem a mesma placenta, outro problema que pode ocasionar um parto prematuro é a síndrome de transfusão feto-fetal. Trata-se de uma condição rara e grave caracterizada pela diferença na quantidade de sangue que cada feto recebe. Quando isso acontece entre gêmeos, um bebê se torna o doador e o outro, o receptor. O doador geralmente tem anemia, porque recebe menos sangue que o outro. Já o receptor tem um volume tão grande de sangue circulando que pode sofrer insuficiência cardíaca.

Outro caso que pode exigir o parto prematuro envolve os cordões umbilicais dos fetos, que podem se enrolar e prejudicar a troca sanguínea. “Se você tem dois bebês em uma única bolsa e o cordão umbilical deles dá um nó, em torno de 32 a 34 semanas já é seguro fazer o parto para evitar uma prematuridade muito grave e, ao mesmo tempo, evitar que eles entrem em uma situação de risco de morte intra-útero” explica a especialista.

A chance de ter gêmeos de forma espontânea é muito pequena, mas o número de gestações múltiplas tem aumentado bastante em razão da melhora das técnicas de reprodução assistida

 

Que cuidados especiais devem ser tomados na gravidez de múltiplos?

 

O acompanhamento da gravidez de múltiplos é mais rigoroso. As consultas são mais próximas. Da metade da gestação em diante, geralmente acontecem a cada duas semanas. O ideal é que possíveis riscos sejam detectados logo no início do pré-natal, assim a prevenção e as possíveis intervenções podem ser feitas de forma mais eficaz. 

Em torno do sétimo mês, a avaliação por ultrassonografia também é mais frequente. “Se for uma placenta para dois ou mais bebês, pode ser que essa avaliação chegue a ser semanal. Se for uma placenta para cada bebê, as consultas podem ser mais distantes, mas de qualquer forma é preciso um acompanhamento mais próximo de toda a equipe. Até para poder detectar se há maior risco de parto prematuro, dar as orientações à gestante e receitar as medicações adequadas para que ela possa ter uma gravidez mais tranquila”, afirma a dra. Carolina.

Em alguns casos mais delicados, é necessária a internação da gestante para prevenir complicações e levar a gravidez até o mais próximo possível dos nove meses. Mesmo assim, segundo a obstetra, é muito difícil que a gestação de múltiplos chegue a 40 semanas. Por nascerem muito pequenos, geralmente os bebês precisam ficar internados para ganhar peso antes de irem para casa.

 

O parto normal é uma opção em gestações com mais de um feto?

 

Sim. Apesar de menos comum, o parto normal é uma opção para grávidas de múltiplos, mas depende muito de casa caso. Além da posição dos bebês, que devem estar de ponta-cabeça — como nas gestações únicas –, o procedimento vai depender de outros fatores:

  • Os bebês devem estar em placentas separadas. Quando o bebê nasce, a placenta começa a se descolar do útero. Quando os dois bebês estão na mesma placenta, o descolamento pode começar antes do nascimento do segundo e causar complicações;
  • O ideal é que o primeiro bebê a nascer, aquele que está mais próximo do canal vaginal, seja maior ou do mesmo tamanho que o segundo. Caso contrário, existe o risco de o primeiro bebê passar pelo canal e o segundo, não. Nessa situação, é necessário fazer uma cesárea para tirar o segundo.

Em até 30% dos casos, as condições são favoráveis. “Mas sempre é preciso conversar com a paciente para que ela entenda que existe a chance de o primeiro bebê nascer por via vaginal e o segundo precisar de cesárea. Seriam dois partos independentes”, explica a dra. Carolina.

No caso de trigêmeos, o parto normal é muito raro, mas não é impossível. Geralmente, ele acontece quando a gestante chega ao hospital e os bebês já estão nascendo, mas a opção mais segura é a cesárea.

 

O número de casos de gravidez de múltiplos está aumentando?

 

Sim. “A chance de ter gêmeos de forma espontânea é muito pequena, mas o número de gestações múltiplas tem aumentado bastante em razão da melhora das técnicas de reprodução assistida”, aponta a médica. O principal fator para ter gêmeos naturalmente ainda é o histórico familiar. Pessoas que têm gêmeos na família têm até dez vezes mais chance de também ter gêmeos do que aquelas que não têm nenhum caso na família.

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