Como reconhecer e lidar com viroses infantis

Viroses infantis se aproveitam do sistema imunológico ainda em formação da criança. Preste atenção nas dicas para tratar e reduzir o risco de doenças.

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Publicado em: 24 de maio de 2018

Revisado em: 22 de outubro de 2021

Viroses infantis se aproveitam do sistema imunológico ainda em formação da criança. Preste atenção nas dicas para tratar e reduzir o risco de doenças.

 

Dor de garganta, nariz escorrendo, febre, espirros e tosse. Em casos mais graves, desconforto respiratório e baixa oxigenação sanguínea (hipoxemia). Esses são sinais típicos de possíveis infecções virais que acompanham a chegada do frio e se tornam motivos de preocupações de pais e responsáveis pelas crianças.

 

Veja também: Leia entrevista completa sobre viroses infantis

 

O termo virose, apesar de extremamente comum, não quer dizer muita coisa na prática. A pediatra Denise Katz alerta: “Viroses infantis são termos desprovidos de significado médico. Na verdade, o nome funcionava como uma lata de lixo onde se atiravam todas as febres infantis sem causa aparente”. Essas doenças virais genéricas se manifestam com mais frequência nos bebês em fase de amamentação, crianças e adolescentes. Isso porque o organismo e o sistema imunológico desse grupo ainda estão em fase de desenvolvimento. Diante dessa vulnerabilidade, os milhares de vírus oportunistas provocam infecções que atingem principalmente o aparelho respiratório e o trato gastrointestinal.

Oferecer líquidos em abundância deve ser uma prática sempre estimulada em quaisquer formas de infecção, assim como os episódios de febre devem ser conduzidos com antitérmicos.

As viroses mais recorrentes são as que afetam as vias aéreas superiores (fossas nasais, laringe e faringe) e causam doenças como amidalite, otite, faringite, sinusite e resfriados. Já bronquiolite e pneumonia atingem as vias aéreas inferiores (traqueia, brônquios e pulmões). Geralmente, o tratamento busca aliviar sintomas, com uso de soro fisiológico para a limpeza nasal, medicamentos para baixar a febre, anti-inflamatórios, ingestão frequente de líquidos e, se indicado pelo médico, antibióticos, para os casos de infeções virais associadas a bacterianas.

“Oferecer líquidos em abundância deve ser uma prática sempre estimulada em quaisquer formas de infecção, assim como os episódios de febre devem ser conduzidos com antitérmicos. Entretanto, uma vez que as manifestações clínicas são extremamente variadas e eventuais complicações podem ocorrer, a avaliação precoce pelo pediatra é obrigatória para um diagnóstico correto e um tratamento adequado para cada situação descrita”, orienta o dr. Daniel Jarovsky, infectologista do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo.

Segundo a dra. Denise, em geral, os sinais que devem acender o alerta para os pais são febre alta (acima de 38 °C) por mais de dois dias e inapetência, que leva a criança a parar de se alimentar. Quanto mais novo for o bebê, mais cuidado e mais atenção devem ser dedicados a ele.

 

O melhor é prevenir

 

Para evitar problemas respiratórios, a vacina contra gripe é indispensável. “É lenda essa história de que a vacina contra a gripe deixa as pessoas doentes. A vacina protege, sim, contra os tipos mais fortes do vírus e deve ser tomada principalmente por crianças até os cinco anos, pelos pais e pela babás e cuidadores também.”

O outono e o inverno favorecem a disseminação de vírus porque as pessoas fecham janelas e portas e se aglomeram em locais fechados, facilitando a transmissão. Além disso, o tempo seco faz com que mais partículas — como as de poluição e de vírus — permaneçam suspensas no ar. “Sem contar que os vírus sobrevivem em superfícies, como uma mesa, por exemplo, por mais tempo no frio do que no calor”, alerta a especialista.

A pediatra também dá algumas dicas de como escolher a creche ou escolinha ideal para seus filhos, levando em conta o risco de contaminação quando chegam as estações secas e frias. “É importante visitar o local antes e observar os cuidados com a higiene tomados pelos profissionais. Veja se há álcool em gel à disposição. E, se possível, escolha lugares em que menos crianças estão matriculadas. Quanto mais pessoas houver em um ambiente, maior o risco de se contrair um vírus.”

Medidas de higiene simples, como lavar as mãos com água e sabão antes e após as refeições e usar álcool em gel sempre que possível podem ajudar na prevenção. Saiba como as principais doenças virais respiratórias se manifestam:

Amidalite: Amídalas são estruturas de defesa do organismo. Quando infectadas, ocorrem dor de garganta, febre e mau hálito. Com a dificuldade para engolir, é possível suspeitar da doença porque bebês podem mamar menos. Durante o período da inflamação, dê bastante líquido para hidratar as mucosas. Evite expor a criança à fumaça do cigarro, que é altamente irritante e pode piorar o quadro.

Faringite: Os sintomas são semelhantes aos da amidalite, incluindo dor de garganta, febre e aumento do volume das amídalas.

Otite: Infecção comum na infância, causa dor intensa, febre, falta de apetite, às vezes com diminuição da audição e secreções. Como a dor é forte, é frequente que bebês atingidos chorem bastante. O vírus causador muitas vezes é o mesmo da gripe, portanto não esqueça de vacinar as crianças contra a doença. Caso suspeite dessa infecção, procure assistência médica para evitar complicações mais graves.

Resfriado: Há mais de 200 vírus responsáveis pelo resfriado. Eles atingem mais as crianças, especialmente em fase pré-escolar. Coriza, tosse e espirro são os sintomas mais fáceis de identificar. Procure um médico o mais rápido possível caso o bebê ou a criança apresente dificuldades para respirar, febre acima dos 39,5° C, calafrios e suor intenso por mais de três dias. Também procure ajuda em caso de vômito, dor de ouvido, choro constante, sonolência excessiva e dores abdominais.

Sinusite: É a inflamação do tecido que recobre os seios da face, cavidades internas próximas à região do nariz. O inchaço provoca o entupimento nasal e dificulta a saída das secreções, gerando mal-estar, febre e dificuldade para respirar. Evite expor o bebê ou a criança ao ar-condicionado, que resseca as mucosas. No ambiente doméstico, faça a limpeza periódica dos aparelhos de ar-condicionado, pois eles acumulam micro-organismos. Tomar bastante água e lavar o nariz com soro fisiológico várias vezes ao dia ajudam a aliviar o desconforto.

 

Viroses gastrointestinais

 

Além das respiratórias, as viroses gastrointestinais estão entre as mais comuns. Os sintomas mais frequentes são dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia. Elas podem ser transmitidas por meio do contato da boca ou nariz com objetos, alimentos ou líquidos contaminados com fezes que contenham os vírus ou pelo ar. O tratamento geralmente é baseado em medicamentos para aliviar dores e febre, além da reposição de água, fundamental em caso de diarreia.

Lembre-se de que a higienização das mãos é uma das principais ações para evitar infecções por vírus. Desde cedo ensine as crianças a, antes das refeições, lavar bem as mãos com água e sabão. Se você for preparar um alimento, fique atento ao estado de conservação e higienização de cada ingrediente.

 

Outras recomendações em casos de infecções virais

 

  • Como explicamos anteriormente, as infecções virais são transmitidas principalmente por meio das mãos e por gotículas e secreções respiratórias, expelidas principalmente após tosse e espirros, mas lançadas ao ar até quando simplesmente falamos. É fundamental termos em mente algumas recomendações básicas para não transmitir e nem contrair os vírus:
  • Mantenha-se em repouso em casa quando estiver doente;
  • Limpe e desinfete as superfícies de contato mais comuns, como maçanetas e mesas, seja em casa, no trabalho ou na escola;
  • Se estiver doente com manifestação de tosses e espirros, use máscaras para evitar espalhar o vírus;
  • Cubra a boca e nariz com lenço de papel ao tossir ou espirrar, ou faça-o na manga do braço, para não contaminar as mãos com o vírus;
  • Lave as mãos frequentemente com água e sabão ou utilize um produto de limpeza à base de álcool a 70%. Faça isso não somente antes das refeições, mas sempre que houver contato com alguma secreção respiratória ou superfícies tocadas por muitas pessoas, como no transporte público.

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