Hipertensos abandonam o tratamento por não sentirem sintomas

Braço de paciente sobre a mesa enquanto profissional de saúde afere a pressão.

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Por conta das complicações cardiovasculares, hipertensão mata milhares de pessoas todos os anos, mas como é silenciosa, muitas vezes é negligenciada pelos próprios pacientes.

 

Por ser uma doença assintomática, a hipertensão arterial é tratada pela grande maioria das pessoas – inclusive pelos próprios hipertensos – como um problema sem muita importância. Muitos começam o tratamento e depois, acreditando que a doença tenha sido curada, param de tomar o medicamento, já que não sentem nenhum sintoma. E é aí que mora o perigo.

“O problema da hipertensão é que ela é uma doença silenciosa. Existe um conceito no imaginário popular de que só devemos tratar doenças que causem sintomas. Por exemplo, a pessoa toma um anti-inflamatório para aliviar uma dor e ela passa. Uma vez resolvida a sintomatologia, pressupõe-se que a doença tenha sido curada. Então, o que falta na verdade é o entendimento de que a hipertensão é uma doença crônica, que deve ser tratada pelo resto da vida. Não se pode abandonar o tratamento por conta própria”, explica a nefrologista Frida Plavnik, da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH).

 

Veja também: Entrevista completa sobre hipertensão

 

A hipertensão é uma doença séria e acomete 40 milhões de brasileiros, entretanto, somente 20% desse total mantém a pressão arterial (PA) controlada, ou seja, em até 120 mmHg por 80 mmHg. A cada dois minutos um brasileiro morre por causa de doenças cardiovasculares (344 mil a cada ano), e um dos principais motivos dessa epidemia é que a população ainda não dá a devida importância à hipertensão arterial. Se ela não for controlada, pode danificar órgãos vitais como coração, rins e cérebro. Ainda segundo a médica, é raro encontrar um “hipertenso puro”, que não possua outros problemas de saúde como colesterol elevado, sobrepeso ou diabetes. Somando esses fatores, o risco de o indivíduo vir a ter, no futuro, um AVC, infarto ou insuficiência renal torna-se muito maior.

“A maioria das pessoas associa pressão alta a derrame, que é uma lesão macrovascular. Entretanto, existem outras complicações que envolvem esses órgãos, que surgem mais precocemente e são extremamente prejudicais, só que muitos não se dão conta disso. Por exemplo, o indivíduo que tem uma PA mal controlada pode começar a desenvolver quadros de demência, já que hipertensão lesa as artérias do cérebro, dificultando a irrigação de sangue na região. Com isso, a capacidade cognitiva pode ser afetada. Pessoas mais jovens podem ter um quadro demencial semelhante a de um indivíduo idoso. No coração, além do infarto, pode haver o desenvolvimento de insuficiência cardíaca e aparecimento de fibrilação atrial”, completa Frida Plavnik.

 

Impotência sexual

 

Alguns pacientes relatam que acabam deixando de lado os remédios hipertensivos por conta de sintomas como falta de desejo sexual e impotência. Algumas classes específicas de medicamentos de fato podem diminuir a circulação de sangue no pênis, além de diminuir o zinco no organismo, que é importante para a produção do hormônio masculino testosterona.

Entretanto, ainda segundo a médica, atualmente existem no mercado diversos fármacos que controlam a pressão alta sem interferir na sexualidade.

“O número de anti-hipertensivos que temos é grande. Se houver algum efeito colateral do gênero, basta conversar com o médico e solicitar a troca [de medicamento]”, enfatiza.

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