Para cada pessoa existe um tipo de tratamento específico, que deve ser realizado sob orientação médica.
Quem tem sobrepeso ou obesidade sabe que perder peso não é uma tarefa simples. A pessoa pode até reduzir o número na balança, mas é comum não conseguir manter o novo peso alcançado. Frustrada, a pessoa se pergunta: “Existe um tratamento eficaz e adequado para a obesidade?”. A resposta é sim, existe, e varia de pessoa para pessoa, sendo muito importante que seja feito sob supervisão de profissionais.
Para saber se a pessoa tem sobrepeso ou obesidade, é preciso calcular o Índice de Massa Corpórea (IMC). Para isso, basta dividir o peso pela altura ao quadrado. Por exemplo: uma pessoa pesa 50 kg e mede 1,60m. O cálculo é o seguinte: 50 ÷ 1,60². O resultado é: 19,53. Esse índice é considerado peso normal. Veja a tabela de classificação segundo o IMC:
- Abaixo de 18,5: baixo peso
- Entre 18,5 e 24,9: peso normal
- Entre 25 e 29,9: sobrepeso
- Entre 30 e 34,9: obesidade grau 1
- Entre 35 e 39,9: obesidade grau 2
- Acima de 40: obesidade grau 3
O dr. Fábio Trujilho, diretor do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, explica que o diagnóstico de obesidade é feito de acordo com o IMC. Já o tratamento é individualizado. Segundo ele, no consultório, grande parte dos médicos leva em consideração o IMC e também outros fatores, como a medida da circunferência abdominal, doenças relacionadas e como a obesidade está impactando a pessoa do ponto de vista psicológico ou até mecânico.
“Para cada pessoa, vai se ter um tipo de tratamento. Nem todas as pessoas vão precisar de medicamento. E um medicamento que pode ser bom para uma pessoa, pode não ser o melhor para outra, pode fazer mal para o outro. Por isso que sempre que você vai tratar uma pessoa com obesidade, é importante que tenha um acompanhamento profissional para que possa ser escolhido o melhor tratamento e, no caso dessa pessoa ter efeitos colaterais, não se sentir bem ou não responder bem ao tratamento, você pode fazer mudanças de prescrição”, detalha.
Mas, antes de levar o resultado ao pé da letra, é preciso entender que o IMC é uma fórmula simplista, útil para estudos epidemiológicos, mas questionada no que diz respeito à sua utilidade no diagnóstico individual.
Mudança do estilo de vida
Independentemente do IMC da pessoa, o tratamento da obesidade costuma começar com a mudança do estilo de vida.
“Atualmente, se trabalha muito com a mudança do estilo de vida, como uma primeira parte do tratamento. E essa mudança do estilo de vida inclui alimentação saudável, uma certa restrição calórica e a prática de exercícios”, afirma o dr. Fábio.
No entanto, para muitas pessoas, essa mudança não traz os resultados esperados. “Nem sempre ela é suficiente para você conseguir não só perder peso, mas manter o peso”, diz o médico.
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Tratamento com remédios
Quando a mudança do estilo de vida não é suficiente, um segundo passo é incluir medicamentos. E, para fazer isso, não basta apenas a pessoa querer; ela precisa atender a alguns critérios.
“Ter um IMC maior que 30 e não ter tido resposta dessas mudanças de estilo de vida ou aquelas pessoas que têm IMC igual ou maior que 27, mas que tenham outras comorbidades, ou seja, outras doenças associadas à obesidade”, explica o dr. Fábio. Entre as comorbidades, estão hipertensão arterial, diabetes, cardiopatias, câncer, entre outras.
E o tratamento medicamentoso é individualizado. Segundo o médico, existem atualmente no Brasil alguns remédios vendidos nas farmácias que incluem na bula o tratamento da obesidade e que são autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É o caso da liraglutida, sibutramina, orlistate e semaglutida.
Além disso, há outro medicamento aprovado pela Anvisa, mas que ainda não estava à venda nas farmácias, nos primeiros meses de 2023, na dosagem específica para o tratamento da obesidade, e que combina duas drogas, a naltrexona e a bupropiona.
O dr. Fábio ressalta que é essencial que qualquer um desses remédios seja usado com indicação médica.
Tratamento com cirurgia
Um outro tipo de tratamento da obesidade inclui a realização de cirurgia bariátrica, mais conhecida como redução de estômago, que é indicada para as pessoas que não tiveram uma resposta adequada à mudança do estilo de vida nem ao tratamento com remédios e que possuem IMC maior que 40 ou maior que 35 e que também tenham comorbidades.
Segundo o dr. Fábio, os dois tipos mais comuns de cirurgia para obesidade no Brasil atualmente são Y de Roux ou bypass gástrico e sleeve ou cirurgia em “manga”. Nos dois casos, o objetivo é diminuir a capacidade do corpo de receber alimentos, reduzindo a ingestão e a absorção de calorias e tendo como resultado a perda de peso.
“Qual é a melhor cirurgia para cada pessoa? Aí o médico com o cirurgião vão escolher, junto com a própria pessoa”, afirma o especialista.
Após perder muito peso, outro tipo de cirurgia pode ser muito útil, tanto do ponto de vista estético como psicológico e emocional: a plástica reparadora. “É importante para aquelas pessoas que perderam muito peso e que ficaram muito flácidas pela cirurgia bariátrica ou pelo tratamento medicamentoso.”
O dr. Fábio chama a atenção para o fato de que essa cirurgia é diferente da lipoaspiração, que não é considerada como tratamento da obesidade. “A lipoaspiração vai tirar aquela gordura da barriga que não é a gordura ruim; é a gordura subcutânea, que fica logo embaixo da pele. A gordura ruim é aquela que fica entre os órgãos, entre o intestino, entre o fígado, que não é retirada pela lipoaspiração. Com a lipoaspiração, você pode ter melhora de medidas, mas você não vai ter melhora de saúde. É uma medida muito mais estética do que tratamento”, conclui.
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