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Tabagismo

Tratamentos para largar o cigarro tradicional também servem para parar de fumar vape

Medicamentos já conhecidos no tratamento da dependência em cigarro são úteis para quem está tentando largar o vape. As doses, no entanto, costumam ser mais altas. Saiba mais.
Publicado em 07/08/2025
Revisado em 07/08/2025

Medicamentos já conhecidos no tratamento da dependência em cigarro são úteis para quem está tentando largar o vape. As doses, no entanto, costumam ser mais altas. Saiba mais.

Até alguns anos, pouco se sabia sobre os efeitos do uso do vape, especialmente entre adolescentes e jovens adultos. Hoje, as consequências são bem conhecidas: aumento do risco de doenças respiratórias, sintomas de abstinência e a possibilidade de desenvolver lesão pulmonar aguda associada ao uso de cigarros eletrônicos, a EVALI

Assim como os prejuízos do uso do vape foram sendo escancarados, as formas de tratar a adição nesse novo modelo de cigarro também evoluíram. 

Da redução de danos à nova epidemia

Inicialmente, o vape foi apresentado como estratégia de redução de danos por possuir menos substâncias cancerígenas do que o cigarro convencional. 

“O problema é que muitas pessoas migraram para o cigarro eletrônico e não conseguiram sair. O consumo de nicotina por quem usa vape costuma ser maior, tanto em concentração quanto em frequência, do que fumantes de cigarro convencional. É como se fumassem 60 cigarros por dia”, alertou João Pedro Castaldelli, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Sírio-Libanês, ambos em São Paulo, durante o Congress on Brain, Behavior and Emotions 2025, que reuniu diversos especialistas em saúde mental e neurociências. A adição em vape foi um dos temas de destaque do congresso.

Além disso, o vape conquistou novo público. Segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas III (Lenad III), de 2023, 8,7% dos adolescentes brasileiros de 14 a 17 anos relataram o uso de cigarro eletrônico no último ano, cinco vezes mais do que o tabaco convencional na mesma faixa etária. Dos que experimentaram, 76,3% continuaram consumindo o produto, mesmo sem ter fumado o cigarro tradicional anteriormente.

“Hoje, em média, o vape entrega três vezes mais nicotina que o cigarro convencional. A versão sem nicotina está cada vez mais difícil de achar. Nas lojas populares, só se encontra com nicotina, geralmente com 50 mg/mL”, destaca o psiquiatra.

Opções medicamentosas para o tratamento da dependência em vape

Como consequência, as crises de abstinência do vape são mais intensas que as do cigarro. Os sintomas incluem ansiedade, irritabilidade, depressão, insônia, problemas cognitivos, tontura, agitação e até síncope. Além da terapia, novas opções farmacológicas têm sido estabelecidas para tratamento, que dura cerca de três meses. Em casos mais graves, é possível estender para seis meses ou mais. 

Terapia de Reposição de Nicotina (TRN)

A terapia de reposição de nicotina (TRN), muito conhecida pelas pessoas com dependência no tabaco convencional, conta com três métodos: adesivos transdérmicos, gomas de mascar e pastilhas. Eles liberam doses controladas de nicotina no organismo sem o resto dos componentes tóxicos. 

Os adesivos operam de forma lenta e contínua (liberação longa) e os demais, de maneira rápida e pontual (liberação curta). A opção mais eficaz, recomendada pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), é associar um mecanismo de liberação longa a um de liberação curta. 

Veja também: Combinar medicamentos e terapia aumenta chance de parar de fumar

Vareniclina

A vareniclina é um medicamento que se liga a receptores de nicotina no cérebro, “mantendo-os ocupados” e reduzindo a resposta que a nicotina produziria no organismo. O mecanismo diminui a abstinência e alivia sintomas como irritabilidade, ansiedade e fissura. Comumente iniciada uma semana antes da data marcada para parar de fumar, a medicação possui alta eficácia.

Bupropiona

Introduzida antes da interrupção do uso do vape, a bupropiona atua diretamente nos sistemas dopaminérgico e noradrenérgico do cérebro. Quando a pessoa para ou reduz o uso do vape, a produção de dopamina (neurotransmissor do prazer) também cai. Nesse momento, ela se sente desanimada e ansiosa. O remédio, por sua vez, age mantendo mais dopamina em circulação, mesmo sem o estímulo da nicotina, ajudando a minimizar os efeitos da abstinência. Ele também aumenta os níveis de noradrenalina no organismo, melhorando o humor, diminuindo o cansaço e controlando a irritabilidade. 

Aplicativos

No caso dos jovens, a adesão ao tratamento é mais complicada. “Eles percebem menos risco. Falar em câncer para eles, por exemplo, tem menos impacto. Então, os aplicativos são ferramentas que eles aceitam melhor. Ajudam a controlar o uso, a monitorar o tempo entre uma tragada e outra. A ideia é dessensibilizar gradualmente, espaçando o uso. É possível parar usando essa estratégia”, acrescenta o especialista.

Muitos desses apps são gratuitos e oferecem recursos que permitem acompanhar o próprio progresso, receber mensagens de incentivo, participar de sistemas de recompensa e entrar em espaços de troca de apoio com amigos. Basta procurar por “aplicativos para parar de usar vape” nas lojas virtuais.  

No entanto, é importante lembrar que eles são um complemento ao tratamento. Se você não consegue parar de fumar, procure ajuda profissional.

Veja também: Pare de fumar: 21 passos para largar o cigarro

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