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Drogas Lícitas e Ilícitas

Radônio é fator de risco para câncer de pulmão

Publicado em 01/06/2016
Revisado em 11/08/2020

Apesar de pouco divulgado, gás radônio é a segunda maior causa para o desenvolvimento de câncer de pulmão, ficando atrás do cigarro.

 

O câncer de pulmão é um dos tumores que mais mata no mundo. Entretanto, apesar de o cigarro ser responsável por 90% dos casos, o que vem chamando a atenção dos médicos é o aumento da incidência entre aqueles que nunca colocaram um cigarro na boca. O tema foi discutido no I Workshop de Câncer de Pulmão promovido pelo Instituto Lado a Lado no dia 31/05/2016, em São Paulo.

“Estudos internacionais recentes mostram um aumento entre os não fumantes. Nos Estados Unidos, ficava na ordem de 8 a 9% dos casos. Agora chega ao número de 20% de não fumantes com a doença. Aqui no Brasil ainda não há estudos do gênero, mas são fatos que já observamos no consultório. Um caso recente que apareceu no hospital foi o de uma bailarina, atleta, 23 anos e que nunca fumou na vida”, explica o oncologista Marcelo Cruz, do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, do Hospital São José da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

 

Radônio

 

Entre os fatores de risco conhecidos há mais tempo estão o fumo passivo e a poluição ambiental. Entretanto, tem ganhado destaque a exposição ao gás radônio. Esse é um gás radioativo liberado do solo em regiões ricas em minérios como o urânio (o Brasil tem a quinta maior reserva mundial). Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), tal gás é a segunda causa para o desenvolvimento do câncer de pulmão, ficando atrás somente, claro, do cigarro.

Um projeto de Pesquisa Brasileira de Câncer e Radiação Natural, coordenado pela farmacêutica bioquímica Yula Merola e conduzido na cidade de Poços de Caldas-MG (por conta da presença das minas de urânio), confirmou a tese de que o radônio causa câncer. Na verdade, a população começou a alertar o Inca (Instituto Nacional do Câncer) de que a cidade possuía mais casos de câncer de que outras regiões do país. A partir de então iniciaram-se pesquisas para descobrir a causa, juntamente com as medições nas residências e análise dos doentes.

“Em Poços, orientamos a população a abrir a janela. Há maior concentração de radônio em residências nas cidades frias, porque as janelas ficam fechadas”, explicou a especialista. Ainda assim, o radônio que sai do solo entra nas construções por tubulações, fendas e rachaduras. Para se ter uma ideia, países como os Estados Unidos já tomam medidas preventivas para conter esse gás. O morador é obrigado a fazer a medição da dosagem do gás em seu terreno e depois encaminhar os dados para o órgão responsável, que irá fazer análises e tomar as devidas providências, se necessário. “O indivíduo consegue comprar esse medidor no supermercado. Por aqui, não temos esse tipo de serviço, tampouco um valor de referência máxima nas residências”, aponta Yula.

“É um fator de risco sobre o qual as pessoas ainda não ouviram falar direito, mas que precisa ser divulgado. É um problema real e que não deve ser ignorado pelas autoridades”, finaliza o oncologista dr. Marcelo Cruz, que também lidera um grupo de pesquisadores responsável por levar o assunto ao Congresso Mundial de Câncer de Pulmão, nos Estados Unidos, em 2015.

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