Quatro estudos esclarecedores | Artigo

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Publicado em: 24 de abril de 2011

Revisado em: 9 de agosto de 2021

Estudos sobre obesidade e doenças cardíacas ajudam a compreender melhor determinados aspectos relacionados a essas condições, viabilizando a eficiência dos tratamentos.

 

Síndrome da Fome Noturna

 

Essa síndrome é caracterizada por falta de apetite pela manhã, insônia e excesso de fome à noite. Descrita em 1955, a síndrome está associada a períodos de estresse e acomete 1,5% da população geral. Nas clínicas para tratamento de obesidade, no entanto, 12% dos pacientes apresentam esse tipo de queixa. Entre os portadores de obesidade mórbida esse número chega a 26%.

Num estudo conduzido na Universidade de Pensilvânia, 10 pessoas com excesso de peso foram acompanhadas durante uma semana. Os dados obtidos incluíam a relação dos alimentos ingeridos e o número de interrupções do sono durante a noite, detectado por sensores instalados na cama.

Comparados com o grupo controle, os obesos se alimentaram mais vezes por dia (9,3 versus 4,2 vezes), acordaram com maior frequência durante a noite (3,6 versus 0,3) e consumiram proporção mais alta de calorias diárias no período das 8 da noite às 6 da manhã (56% versus 15%).

Na Universidade de Tromsö, na Noruega, estudo semelhante demonstrou que nos portadores da síndrome da fome noturna, os níveis de melatonina e de lepitina são menores do que os do grupo controle.

Níveis mais baixos de melatonina podem explicar o padrão alterado da arquitetura do sono nos portadores da síndrome. Os níveis de lepitina na circulação durante o sono estão associados à supressão do apetite enquanto dormimos. A fome exagerada durante a noite nos portadores da síndrome pode estar relacionada com a redução das concentrações de lepitina no sangue.

A administração de melatonina e lepitina ao deitar está sendo estudada no tratamento da síndrome.

 

Veja também: O álcool e o coração

 

Charuto e ataque cardíaco

 

Para avaliar a o risco de acidentes cardiovasculares associados ao hábito de fumar charuto, pesquisadores da American Cancer Society examinaram um banco de dados com 121.278 homens que no ano de 1982 haviam respondido a um questionário. Foram excluídos da análise: os fumantes de cigarro ou cachimbo, os diabéticos e todos os que apresentavam doença cardíaca prévia.

No período de 1982 a 1991, 2.508 fumantes de charuto morreram de ataque cardíaco. Neles, o risco de doença coronariana foi 30% maior. Fumar dois ou mais charutos por dia aumenta o risco. Entre os que abandonaram o vício, o risco desapareceu.

Mesmo sem tragar, fumantes de charuto absorvem nicotina pelas mucosas e respiram a fumaça que exalam. Dessa forma, correm os riscos de trombose e aterosclerose que atormentam os fumantes de cigarro.

 

Frequência cardíaca pós-exercício e mortalidade

 

O número de vezes que o coração bate por minuto está ligado à ação do nervo vago. Frequência cardíaca alta está associada à ação reduzida do vago e representa maior risco de mortalidade por doença cardiovascular.

Como a redução da frequência cardíaca imediatamente depois do exercício depende diretamente da ação do vago, pesquisadores da Cleveland Clinic decidiram submeter 2.428 pessoas saudáveis ao teste ergométrico com esteira.

Os participantes corriam na esteira até o aparecimento de um sintoma qualquer de exaustão. A frequência cardíaca era medida imediatamente depois da parada da esteira e um minuto após. O índice de recuperação cardíaca foi definido como a diferença entre esses dois valores. A média na queda da frequência cardíaca foi de 17 batimentos por minuto. Redução abaixo de 12 batimentos foi considerada anormal. Em 26% das pessoas testadas, a recuperação foi anormal. Entre estas, o risco de morrer por qualquer causa nos próximos seis anos foi quatro vezes maior.

Contar o pulso ou a frequência cardíaca ao terminar o exercício e um minuto depois é um método simples e barato para avaliar a necessidade de procurar o cardiologista.

 

Infarto do miocárdio e exercício extenuante

 

Cardiologistas do Hartford Hospital de Connecticut estudaram 640 pacientes internados depois de infarto do miocárdio. Deles, em 64 o infarto havia acontecido durante exercício físico.

O risco de infarto durante exercícios vigorosos foi 10 vezes superior ao risco corrido em repouso ou relativa inatividade. Em 26 pacientes, o evento que deflagrou o ataque cardíaco foi andar ou correr; em 12, levantar peso; e, em 26, uma combinação dos dois.

A probabilidade de infarto aumentou de acordo com a presença das seguintes variáveis: fumantes, sexo masculino, obesidade, colesterol e triglicérides elevados, ausência de angina (dor no peito) e baixos níveis de atividade física habitual.

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