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Pediatria

Gravidez e amamentação em tempos de covid-19

mulher grávida na rua, de máscara. gravidez e amamentação em tempos de covid-19 geram preocupação
Publicado em 01/10/2020
Revisado em 01/10/2020

Veja as recomendações de órgãos de saúde para garantir uma gravidez e uma amamentação seguras em tempos de covid-19.

 

As mulheres costumam vivenciar a gravidez e a maternidade de formas diversas, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. Embora seja comum a imagem da mãe alegre e satisfeita com a gestação e os primeiros meses do bebê, sabemos que muitas experimentam momentos de medo, insegurança, culpa e cansaço.

Veja também: Puerpério na pandemia

Tudo isso é normal, pois essas fases trazem mudanças físicas e expectativas que variam de mulher para mulher, às vezes até de gravidez para gravidez. No entanto, diante da pandemia de covid-19, as grávidas e puérperas (mulheres que tiveram filho nos últimos 45 dias)  passaram a enfrentar um problema adicional: o temor de contrair ou passar para o filho pequeno uma doença potencialmente grave, da qual ainda sabemos pouco. Como o novo coronavírus afeta a gestação? E o parto, há risco de contrair o vírus durante o procedimento em hospital? Quem pegou covid-19 pode amamentar? Os bebês são grupo de risco? Posso infectar meu filho recém-nascido mesmo que eu não tenha sintomas da doença?

Para conseguir manter a tranquilidade e a segurança, vejamos o que a ciência já sabe sobre gravidez, puerpério, amamentação e os riscos para a mãe e o bebê durante a pandemia de covid-19.

 

Gravidez

 

Quando a pandemia de covid-19 começou a atingir a Ásia e a Europa, no início de 2020, as grávidas não estavam incluídas nos grupos de risco da doença, pois nenhum país apresentou taxa de mortalidade mais alta entre essas mulheres. Após alguns meses, no entanto, algumas entidades de saúde passaram a considerar as gestantes como grupo de risco, por precaução.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos afirma que, até este momento (1/10/20), as grávidas com covid-19 têm risco aumentando de parto prematuro, de serem internadas em UTIs e de receberem ventilação mecânica, quando comparadas com não grávidas. Isso porque as alterações fisiológicas pelas quais as mulheres passam nessa fase podem alterar sua imunidade, o que as torna mais vulneráveis a infecções respiratórias, como a covid-19. No entanto, o risco de morte é similar entre grávidas e não grávidas.

Isso significa que gestantes podem desenvolver quadros mais graves da doença, mas não correm risco aumentado de morrer em relação às demais mulheres.

Assim, no Brasil, em abril de 2020 o Ministério da Saúde passou a considerar as grávidas e as puérperas grupo de risco, embora também o órgão ressalte que ainda são necessários mais estudos sobre o impacto da doença entre esse grupo.

Grávidas com doenças pré-existentes ou desenvolvidas durante a gravidez, como diabeteshipertensão, têm risco ainda mais aumentado de desenvolver quadro grave de covid-19.

Não há, até o momento, comprovação de que a mãe infectada pelo novo coronavírus possa transmiti-lo ao feto durante a gestação.

Mulheres grávidas e pessoas que moram com elas devem, de acordo com o CDC, limitar as interações sociais com outras pessoas o máximo possível e, caso precisem sair ou interagir com outras pessoas,      seguir as seguintes recomendações:

  1. Usar máscara. Lembre que a máscara não substitui outras medidas de higiene necessárias, como lavar as mãos e evitar contato próximo com outras pessoas;
  2. Evitar o contato com pessoas que não estejam usando máscaras ou pedir para que elas coloquem a máscara quando estiverem próximas de você;
  3. Manter ao menos 2 metros de distância das pessoas que não moram com você;
  4. Lavar as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos. Se não tiver água e sabão disponíveis, utilizar álcool gel com no mínimo 60% de álcool;
  5. Evite situações em que não seja possível seguir as medidas de prevenção, como uso de máscara e distanciamento físico.

Não deixe de comparecer às consultas de pré-natal. Se tiver receio de se contaminar, converse com o médico e peça orientação.

Tome as vacinas e eventuais suplementos recomendados. A vacina contra a gripe é muito importante, visto que a gripe pode causar sintomas semelhantes aos da covid-19 e não se sabe como as duas viroses, causadas por vírus diferentes, podem interagir.

Se tiver qualquer emergência, não deixa de procurar ajuda médica por medo de contrair o vírus. Serviços de saúde estão tomando as devidas precauções para evitar o contágio em suas dependências e algumas emergências podem ser especialmente graves durante a gravidez.

Caso apresente sintomas de síndrome gripal ou covid-19 ou ainda note qualquer alteração na sua saúde, procure seu médico ou o serviço de saúde.

Veja também: Mitos e verdades sobre a gravidez 

 

Parto e cuidados no hospital

 

Mães que não tiveram sintomas de covid-19 nem contato domiciliar com pessoas com síndrome gripal ou covid-19 nos últimos 14 dias 

Segundo orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), essas mulheres não devem seguir nenhuma restrição na hora do parto. Elas podem, inclusive, manter contato pele a pele com o bebê logo após o nascimento e amamentar na primeira hora de vida do recém-nascido.

 

Mães que tiveram sintomas de síndrome gripal ou covid-19 ou tiveram diagnóstico confirmado de covid-19 ou ainda mantiveram contato domiciliar com pessoas que apresentaram sintomas de síndrome gripal ou covid-19 nos últimos 14 dias

Essas devem adiar a amamentação para o momento em que os cuidados com a higiene e as medidas de prevenção da contaminação do recém-nascido, como limpeza da parturiente e troca de máscara, de camisola e lençóis, tiverem sido adotadas.

Além disso, mãe e filho podem manter alojamento conjunto, se houver condições de manter distância de 2 metros entre o berço e o leito materno. A mãe deve usar máscara durante o contato com o recém-nascido, precedido de higiene das mãos antes e depois de tocar o bebê.

A SBP afirma, ainda, que não há evidências de que o vírus possa ser transmitido pelo leite materno. “A amamentação deve ser estimulada e não está contraindicada em nenhuma situação clínica em hospital”, explica a pediatra Denise Katz.

Ainda não se sabe se recém-nascidos que testaram positivo para covid-19 logo após o nascimento contraíram a virose antes, durante ou após o parto, mas os bebês que contraem o Sars-CoV-2 costumam evoluir bem.

 

Amamentação e cuidados com o recém-nascido em casa

 

Após a alta hospitalar, a amamentação deve ser mantida normalmente, seguindo os cuidados indicados abaixo caso a mãe e os cuidadores tenham sintomas de síndrome gripal ou de covid-19.”Os benefícios da amamentação superam os riscos, independentemente da mãe ser assintomática ou da suspeita ou confirmação do diagnóstico da doença”, afirma a dra. Denise.

O Ministério da Saúde também recomenda: “[…] que a amamentação seja mantida em casos de infecção pelo Sars-CoV-2, desde que a mãe deseja amamentar e estejam em condições clínicas adequadas para fazê-lo”.

Também é importante seguir o Calendário Nacional de Vacinação completo para a idade, que juntamente com a amamentação são os principais fatores pela queda da mortalidade infantil, de acordo com a SBP. Dê as vacinas indicadas para o bebê conforme orientação do médico.

Lembre que a maioria dos recém-nascidos que contraem o Sars-CoV-2 é assintomática ou desenvolve sintomas leves de covid-19 e se recuperam muito bem.

De todo jeito, as visitas às mães e aos recém-nascidos devem ser evitadas nessa fase.

 

Cuidados de higiene em caso de mãe com suspeita ou confirmação de covid-19

 

Segundo a SBP e o CDC, a mãe com suspeita ou diagnóstico confirmado de covid-19 que desejar manter a amamentação deve:

  1. Ficar em quarto isolado dos demais moradores da casa que não estiverem doentes;
  2. Lavar as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos antes e depois de tocar o bebê;
  3. Usar máscara facial de pano que cubra completamente nariz e boca, antes e depois de tocar o bebê;
  4. Trocar a máscara imediatamente em caso de tosse ou espirro ou a cada nova mamada;
  5. Evitar que o bebê toque o rosto da mãe, especialmente boca, nariz, olhos e cabelos;
  6. Pedir, se possível, para que outra pessoa que não tenha sintomas de covid-19 realize os cuidados com o bebê (banho, sono) após a mamada.  Se isso não for possível, a mãe deve tomar muito cuidado com a higiene das mãos e ficar de máscara sempre que estiver no mesmo ambiente que o bebê.

Caso a mãe não se sinta confortável ou não deseje amamentar e opte por extrair o leite para que ele seja oferecido ao bebê por outra pessoa, é importante:

 

  1. Seguir rigorosamente as recomendações para limpeza das bombas de extração de leite após cada uso;
  2. Considerar a possibilidade de solicitar a ajuda de alguém que esteja saudável para oferecer o leite materno em copinho, xícara ou colher ao bebê;
  3. Não utilizar, se possível, bicos, mamadeiras ou chucas;
  4. Que a pessoa que vá oferecer o leite ao bebê aprenda a fazer isso com a ajuda de um profissional de saúde.

 

Atenção: Bebês menores de 2 anos de idade não devem usar nenhuma barreira física para impedir o contágio pelo Sars-CoV-2, como máscaras ou protetores faciais (faceshields), pois esses equipamentos aumentam o risco de morte súbita e de sufocamento.

 

Período de isolamento necessário para mães com suspeita ou confirmação de covid-19

 

Segundo o CDC, a mãe que tem sintomas de síndrome gripal ou covid-19 deve manter o isolamento, saindo do local apenas para amamentar e caso não haja outra pessoa que possa ajudá-la nos demais cuidados com o recém-nascido.

Ela pode considerar que não corre mais risco de transmitir o vírus:

  • após 10 dias a partir do surgimento dos sintomas; E
  • após 24 horas sem apresentar febre sem o uso de medicamentos para reduzir a temperatura; E
  • após apresentar melhora dos demais sintomas.

Se apresentar teste positivo e estiver assintomática, a mãe pode considerar que não há mais risco de disseminar o vírus:

  • após 10 dias depois da data em que o teste para covid-19 positivo foi realizado.

 

Doação de leite

 

A doação de leite é contraindicada para mulheres com sintomas compatíveis com síndrome gripal, infecções respiratórias ou confirmação de infecção pelo Sars-CoV-2.

Mulheres que tiveram contato domiciliar com pessoas com síndrome gripal ou suspeita/confirmação de covid-19 nos últimos 14 dias também não devem doar leite.

 

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