Leucemia linfoide aguda: quais os desafios desse tipo de leucemia em adultos?

A leucemia linfoide aguda (LLA) é o tipo de leucemia mais comum em crianças. Nos adultos, os desafios no tratamento são ainda maiores. Leia.

adulto sem cabelos, sorrindo. leucemia linfoide aguda (LLA) é mais comum em crianças, mas pode atingir adultos

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Publicado em: 1 de setembro de 2023

Revisado em: 4 de março de 2024

Principal tipo de leucemia nas crianças, a leucemia linfoide aguda (LLA) em adultos é mais difícil de ser curada. Veja quais são as dificuldades e como o tratamento vem avançando.

 

Quando o assunto é leucemia, muito se pensa nas crianças. O que faz sentido, já que a doença corresponde a 25% dos diagnósticos em pacientes de 0 a 15 anos, sendo o subtipo mais comum a leucemia linfoide aguda (LLA), responsável por 75% dos casos. Por outro lado, ainda que mais raramente, a LLA também pode atingir adultos — e aí, as dificuldades são muito maiores.

Segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), cerca de 90% dos pacientes pediátricos com LLA alcançam a remissão completa com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Já nos adultos, de acordo com a American Cancer Society, metade das pessoas que alcançam a remissão sofre recaídas e o câncer volta a ser detectável.

 

O que é a leucemia linfoide aguda?

As leucemias são um tipo de câncer que produz células sanguíneas doentes e atrapalha a formação de células saudáveis, diminuindo a sua quantidade. A LLA, por exemplo, dá origem a células blásticas leucêmicas, chamadas também de linfoblastos ou blastos leucêmicos. Devido a erros genéticos, elas são disfuncionais e se dividem continuamente. Isso faz com que elas se acumulem na medula óssea, impedindo o desenvolvimento de células sanguíneas normais.

A descoberta da LLA pode ser complicada, já que os sintomas costumam ser confundidos com outras doenças tanto nos adultos quanto nas crianças. Os mais comuns são:

  • Fadiga;
  • Febre recorrente;
  • Infecções constantes;
  • Perda de peso sem motivo aparente;
  • Manchas roxas pelo corpo;
  • Sangramentos;
  • E palidez.

O diagnóstico exige alguns exames específicos, que geralmente começam com hemogramas padrões e evoluem para testes mais detalhados.

 

Como funciona o tratamento da leucemia linfoide aguda?

O tratamento para leucemia linfoide aguda é dividido em três fases:

  1. Indução: é o primeiro passo e envolve a quimioterapia. Atualmente, a técnica segue protocolos robustos, mas costuma ser bastante invasiva. Nessa fase, o paciente terá de ser hospitalizado, independentemente da gravidade da doença.
  2. Consolidação: quando a LLA já está em remissão, inicia-se a terapia de consolidação, cujo objetivo é destruir todas as células disfuncionais remanescentes.
  3. Manutenção: por fim, a manutenção acontece no ambiente ambulatorial e utiliza medicamentos para prevenir a recidiva da doença. 

No entanto, se no meio desse processo o paciente for classificado como de alto risco, ele pode precisar de um transplante de medula óssea. Esse procedimento cria um novo sistema imune no organismo, destruindo as células cancerígenas. O paciente de alto risco é aquele que mesmo com o tratamento não obtém boas respostas contra a doença.

Veja também: Veja como é feita a doação de medula óssea

 

Quais são os desafios da LLA no adulto?

Enquanto as crianças respondem bem ao tratamento padrão e, na maioria das vezes, não precisam de transplante, os adultos enfrentam outra realidade. Isso porque eles podem ter comorbidades, e a doença requer tratamentos quimioterápicos intensos.

Para realizar o transplante de medula óssea, por exemplo, o paciente não pode apresentar nenhuma toxicidade causada pela quimioterapia. Ou seja, se estiver com algum evento adverso, terá que tratar ou reduzir a dose. E como a LLA é uma doença aguda, o risco das células cancerígenas voltarem nesse meio tempo é alta, impedindo a realização do transplante. 

Se ele for um paciente de alto risco, sem o transplante, a sobrevida será muito menor, já que os tratamentos quimioterápicos nem sempre são capazes de manter a doença em remissão por muito tempo. Em geral, o prognóstico é de que menos de 50% dos adultos tenham sobrevida a longo prazo.

 

Expectativas promissoras para o futuro

Por outro lado, o cenário futuro tende a ser mais otimista. De acordo com o dr. Wellington Fernandes, médico do Grupo de Leucemias Agudas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), as taxas de cura para os adultos têm aumentado nos últimos cinco a dez anos.

“Há uma proporção muito alta de pacientes adultos que se curam da LLA, especialmente adolescentes e adultos jovens. O que se tem visto é uma otimização dos protocolos. Os adultos são cada vez mais tratados com protocolos pediátricos, o que os têm beneficiado em termos de sobrevida. E também o surgimento de drogas novas, como o blinatumomabe, que realmente parecem proporcionar maiores chances de cura”, afirmou o especialista durante o XXVII Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea 2023.

O blinatumomabe, medicamento com evidências clínicas promissoras para pacientes de alto risco, foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023. No entanto, até o momento, ele só está disponível para crianças e adolescentes de até 18 anos de idade.* Além disso, houve ainda o surgimento de terapias celulares que tem funcionado mesmo em pacientes refratários e outros subgrupos de alto risco.

Para o paciente que acabou de receber o diagnóstico, a recomendação do dr. Wellington é conhecer as possibilidades de tratamento e verificar com o seu médico se há o acompanhamento por um exame chamado de DRM ou doença residual mínima, que é um rastreio quantitativo da resposta da doença ao tratamento. O profissional mais indicado para tratar a LLA é o hematologista.

*Informações atualizadas em 29/02.

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