O risco do câncer de mama | Artigo

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Publicado em: 13 de abril de 2011

Revisado em: 11 de agosto de 2020

A incidência e o risco do câncer de mama têm aumentado nos últimos 20 anos principalmente como consequência da mudança de padrão reprodutivo feminino ocorrido nos últimos cinquenta anos.

 

No decorrer da vida, uma em cada dez mulheres vai apresentar câncer de mama. A incidência desse tipo de neoplasia aumentou significativamente nos últimos vinte anos. Parte do aumento resulta da aplicação cada vez mais rotineira de técnicas diagnósticas como a ultra-sonografia e as mamografias, que todas as mulheres devem repetir anualmente a partir dos quarenta anos (ou começar antes em casos especiais). Outra parte é consequência da mudança de padrão reprodutivo feminino ocorrido nos últimos cinquenta anos.

Durante a primeira metade do ciclo menstrual os níveis de estrógeno na circulação aumentam, para declinar na segunda metade, quando a produção de progesterona cresce. Não havendo fecundação do óvulo liberado na metade do ciclo, quatorze dias depois acontece a menstruação.

Há relatos científicos de que no início do século XX, a primeira menstruação (menarca) das mulheres europeias e americanas acontecia aos dezessete anos, em média. Como casavam cedo, engravidavam em seguida e permaneciam sem menstruar até o final da fase de amamentação. Quando paravam de amamentar, menstruavam, engravidavam novamente e o ciclo se repetia até a menopausa, que acontecia ao redor dos quarenta anos. Ao final de uma vida reprodutiva profícua, cada mulher havia menstruado apenas algumas dezenas de vezes.

Por razões mal conhecidas a fase reprodutiva da mulher atual é mais longa: as meninas começam a menstruar já aos onze ou doze anos e a menopausa ocorre depois dos cinqüenta. Além disso, o pequeno número de filhos característicos da maior parte das famílias mantém as mulheres em sucessivos ciclos menstruais, que se repetem exaustivamente por centenas de meses.

O impacto provocado pela ação repetida de estrógeno e de progesterona nos tecidos mamários é responsabilizado pelo aumento no risco de desenvolver câncer de mama apresentado pela mulher moderna.

Nem todas as mulheres, no entanto, têm a mesma probabilidade de desenvolver tumores malignos nos seios; algumas correm mais risco. De acordo com a interferência do estilo de vida na incidência da doença, os fatores de risco costumam ser divididos em dois grupos: inevitáveis e modificáveis.

 

Fatores inevitáveis:

 

  • Idade: 75% a 80% dos casos ocorrem em mulheres com mais de 50 anos;
  • História familiar: 90% dos casos são esporádicos, mas os 10% restantes estão ligados à predisposições genéticas. História de câncer de mama em familiares do lado materno ou paterno dobram o triplicam o risco. Quanto maior a proximidade do parentesco, mais alto o risco. Deve-se suspeitar fortemente de predisposição genética quando há vários casos de câncer de mama ou de ovário diagnosticados em familiares com menos de 50 anos (especialmente em parentes de primeiro grau), casos com câncer nas duas mamas (apresentação bilateral), ou casos de câncer de mama em homens da família;
  • Menarca: menstruar pela primeira vez antes dos 11 anos triplica o risco;
  • Menopausa: parar de menstruar depois dos 54 anos duplica o risco;
  • Primeiro filho: primeira gravidez depois dos 40 anos triplica o risco;
  • Biópsia prévia em nódulo mamário benigno com resultado de hiperplasia atípica aumenta de 4 a 5 vezes o risco;
  • Já ter tido câncer de mama: aumenta quatro vezes a chance de ter câncer na mama oposta.

 

Fatores modificáveis

 

  • Peso corpóreo: quando o índice de massa corpórea (peso dividido pela altura ao quadrado) ultrapassa o índice de 35 numa mulher menopausada, seu risco duplica. Se ela for pré-menopausada, no entanto, curiosamente o risco cai 30%;
  • Dieta: Consumo exagerado de alimentos gordurosos aumenta o risco 1,5 vezes;
  • Consumo de álcool: quando excessivo, aumenta 1,3 vezes;
  • Ter recebido radioterapia no tecido mamário para tratamento de outro tipo de câncer: se ocorreu numa menina com menos de dez anos, o risco aumenta 10 vezes;
  • Uso corrente de contraceptivos orais: aumenta 1,24 vezes;
  • Reposição hormonal por mais de dez anos: aumenta 1,35 vezes.

Mulheres que apresentam fatores de risco para desenvolver a doença devem ser orientadas a procurar o especialista para avaliações radiológicas mais frequentes.

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