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Diferenciar tipos de crise de asma em comum, moderada e grave de asma é essencial para buscar o tratamento mais adequado. Leia no artigo do dr. Drauzio.

Mulher com bombinha usada para tratamento de crises de asma.

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Publicado em: 19 de abril de 2011

Revisado em: 11 de agosto de 2020

Diferenciar tipos de crise de asma em comum, moderada e grave de asma é essencial para buscar o tratamento mais adequado. Leia no artigo do dr. Drauzio.

 

Quando um agente irritante chega aos pequenos brônquios, a musculatura lisa que os envolve se contrai para impedir sua passagem (broncoconstricção). Ao mesmo tempo, células de defesa migram para o local com a finalidade de neutralizar a agressão.

Na asma, essa resposta contra o invasor é exagerada: células inflamatórias, mediadores químicos e anticorpos liberados localmente agridem o revestimento dos bronquíolos, alteram a função dos cílios que os revestem, aumentam a produção de muco e a reatividade dos músculos responsáveis pela contração brônquica.

 

Veja também: Leia entrevista completa sobre asma

 

Desse conjunto de reações resulta “fechamento” dos brônquios, dificuldade de passagem de ar, chiado no peito, sensação de respiração “pesada” e tosse para eliminar o muco produzido em excesso.

 

Diferença entre bronquite crônica e asma

 

Muitos confundem asma com bronquite crônica, porque os sintomas são parecidos. De fato, as duas doenças provocam tosse, produção exagerada de muco, broncoconstricção, chiado no peito. A diferença é que a asma se manifesta em crises reversíveis, isto é, que surgem e desaparecem, enquanto a bronquite crônica se distingue pela ocorrência de tosse produtiva crônica, com eliminação de muco, por mais de três meses no ano, durante pelo menos dois anos consecutivos.

 

Herança genética

 

Quando um dos pais sofre de asma ou de outros processos alérgicos, a probabilidade de o filho desenvolvê-la aumenta. Se pai e mãe apresentarem essas condições, o risco aumenta ainda mais.

Embora estudos recentes sugiram que alguns genes estejam envolvidos no processo, isso não quer dizer que seus portadores estarão fadados a contrair a enfermidade: a asma resulta da interação entre a herança genética e a exposição continuada a fatores ambientais capazes de disparar as crises.

 

Diagnóstico clínico

 

São indicativos de crises comuns de asma um ou mais dos seguintes sintomas:

 

  • Falta de ar;
  • Tosse crônica;
  • Chiado no peito ou desconforto respiratório, particularmente à noite e nas primeiras horas da manhã.

Esses sintomas:

1. Ocorrem em episódios passageiros que melhoram espontaneamente ou com tratamento;

2. Costumam estar associados ao contato com um irritante (gatilho): poeira domiciliar, mofo, pêlos de animais, grãos de pólen, ácaros, fumaça de cigarro, perfumes, mas podem também ser disparados por outros fatores: frio intenso, exercício físico, resfriados e gripes, alterações emocionais, choro ou, ainda, por exposição a agentes irritantes no ambiente de trabalho.

 

São indicativos de crise aguda que exige cuidados mais intensivos:

 

  • Incapacidade de ler uma sentença inteira com uma única inspiração de ar;
  • Frequência respiratória maior do que 25 movimentos respiratórios/minuto ou frequência cardíaca maior de que 110 batimentos/minuto;
  • Temperatura acima de 37,5 C.

 

São indicativos de crise grave que exige internação hospitalar:

 

  • Respiração superficial e silenciosa, cianose (pele de cor azulada), esforço diminuído para respirar;
  • Exaustão, confusão mental ou coma;
  • Queda da pressão arterial e/ou da frequência cardíaca.

 

Classificação de acordo com a gravidade

 

De acordo com a frequência das crises, a asma pode ser dividida em quatro grupos:

  • Intermitente: uma ou menos crises por semana;
  • Persistente leve: mais do que uma vez por semana e menos do que uma vez por dia;
  • Persistente moderada: diárias, mas não contínuas;
  • Persistente grave: diárias contínuas.

 

Tratamento

 

A asma não tem cura, mas pode ser controlada a ponto de seus portadores levarem vida normal. Para tanto, é importante observar as seguintes medidas gerais:

  • Identificar e afastar-se dos agentes causadores das crises;
  • Retirar de casa as cortinas e tapetes que acumulam poeira. Panos úmidos podem substituir vassouras e espanadores;
  • Colocar travesseiros, roupa de cama e os próprios colchões ao sol para dificultar o crescimento fungos e de ácaros;
  • Evitar contato com animais domésticos, perfumes, produtos de limpeza, fuligem, fumaça, roupas e livros mofados;
  • NÃO FUMAR;
  • Beber 2 a 3 litros de água por dia, para fluidificar as secreções e facilitar sua eliminação;
  • Praticar exercícios que fortalecem a musculatura respiratória, como a natação.

Observação: A psicoterapia pode evitar que a ansiedade agrave a falta de ar durante as crises.

 

Uso de medicamentos

 

De acordo com a finalidade de utilização, os medicamentos para asma podem ser divididos em duas categorias:

1. Medicamentos usados para dilatar os brônquios e melhorar os sintomas durante as crises: beta2-agonistas, anticolinérgicos (brometo de ipatrópio) e xantinas (aminofilina e teofilina).

Os broncodilatadores beta2-agonistas podem ser divididos em dois grupos: os de curta ação, cujo efeito broncodilatador dura aproximadamente de 4 a 6 horas (fenoterol, salbutamol e terbutalina), e os de longa ação, que exercem efeito por até 12 horas (formoterol e salmeterol).

Os de curta ação são recomendados apenas para uso ocasional nas crises. Seu uso freqüente (mais de duas vezes por semana) indica a necessidade de introduzir tratamento anti-inflamatório.

Entre os medicamentos de longa ação, o formoterol é o de efeito mais rápido (em um minuto já começa a agir). Como os de curta ação, eles também não são dotados de efeito antiinflamatório.

2. Medicamentos usados para manutenção e prevenção dos sintomas: corticosteróides, cromonas e antagonistas dos leucotrienos.

Essas drogas são dotadas de propriedades antiinflamatórias e devem ser introduzidas precocemente para preservar a função pulmonar, nos casos de asma persistente.

Os corticosteróides são os medicamentos de escolha no tratamento de manutenção, porque inibem o processo inflamatório responsável pelas crises. Podem ser administrados por duas vias:

a) via inalatória – é a que apresenta a melhor relação custo/benefício para o controle da asma persistente. As principais preparações utilizadas são budesonida, fluticasona, beclometasona e triancinolona.

b) via sistêmica – os mais empregados são a prednisona e a prednisolona, administrados por via oral nos casos de asma persistente grave, de difícil controle. Devem ser usados apenas nos casos mais graves, em doses altas administradas por curtos intervalos de tempo, porque seu uso prolongado está associado a efeitos colaterais importantes: osteoporose, fraturas ósseas, catarata, adelgaçamento da pele, facilidade de contrair infecções, enfraquecimento dos músculos, diabetes.

3. A associação de beta2 agonistas de ação longa com corticosteróides inalatórios é considerada a terapêutica de escolha para o tratamento da asma persistente de intensidade leve ou moderada.

A associação de formoterol (agonista de ação longa) e budesonida (corticosteroide) administrados por via inalatória, de forma que o formoterol seja inalado um a três minutos antes para dilatar os brônquios e facilitar a penetração da budesonida a ser inalada em seguida, é um esquema de alta eficácia e tolerabilidade. A formulação em pó tem potência igual ou superior a de outros corticosteroides inalatórios.

 

Aderência ao tratamento

 

Todos os pacientes com asma persistente devem ter um plano escrito por seu médico, com as medidas que deverão ser tomadas em caso de crise. Neles, o tratamento deve enfocar o combate ao processo inflamatório.

É muito importante seguir a risca a prescrição médica. Em caso de efeitos indesejáveis discuta com seu médico as alternativas disponíveis, não interrompa nem modifique o esquema de tratamento por conta própria: a probabilidade de dar errado é grande.

O tratamento da asma persistente é prolongado. Depois de obter o controle dos sintomas, é fundamental manter a medicação por um período aproximado de três a seis meses. Só então as doses devem ser diminuídas gradativamente sob orientação médica.

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