Thirdhandsmoke: o fumo passivo que afeta principalmente crianças

O risco de exposição ao fumo passivo não se extingue quando o fumante apaga o cigarro. Ele persiste por meses no ambiente frequentado pela pessoa que fuma.

Conjunto de bitucas de cigarro apagadas.

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Publicado em: 25 de abril de 2016

Revisado em: 22 de outubro de 2021

Fumo passivo não acaba quando o cigarro é apagado, pois substâncias como a nicotina permanecem no local durante meses: é o Thirdhandsmoke.

 

O tabagismo é o maior fator de risco isolado correlacionado ao adoecimento e à morte no mundo. Entretanto, os danos causados pelo cigarro não atingem apenas os fumantes. O tabagismo passivo, chamado Secondhand smoke (SHS) e que consiste na inalação por indivíduos não fumantes da fumaça proveniente da queima de derivados do tabaco do cigarro, também é um fator de risco para doenças.

Esse composto é formado pela fumaça emitida da ponta do cigarro aceso (80% a 90%) e pela fumaça exalada pelo fumante (10% a 20%). Trata-se, portanto, de uma mistura complexa de mais de 4 mil compostos químicos na forma de gases e material particulado. Entre eles, destacam-se: amônia, CO, formaldeído, nicotina, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs) e SO2, por exemplo.

Recentemente, tem-se dado atenção a uma “nova” forma de exposição passiva ao cigarro, chamada de Thirdhand smoke (THS). O THS é constituído por resíduos de nicotina e de outros componentes do cigarro que permanecem no ambiente onde alguém fumou. Essas substâncias se depositam sobre móveis, paredes, utensílios, tapetes e assoalho e podem, ao longo do tempo, sofrer ressuspensão e transformações químicas por interação com as condições do ambiente. Além da nicotina, as substâncias presentes no THS incluem fenol, cresol, naftaleno, formaldeído e nitrosaminas. Como permanecem no ambiente por meses, são especialmente nocivas para crianças e animais, uma vez que podem ser involuntariamente inaladas, ingeridas ou absorvidas pela pele.

Pode-se dizer, então, que o risco de exposição ao fumo passivo não se extingue quando o fumante apaga o cigarro. Ele persiste por meses no ambiente frequentado pela pessoa que fuma. Por exemplo, os níveis de nicotina, alcatrão, óxido nítrico e monóxido de carbono são pelo menos duas vezes maiores na fumaça ambiental. Do mesmo modo, alguns componentes carcinogênicos são preferencialmente formados na fumaça que se acumula no ambiente e representa risco à saúde dos fumantes passivos.

Em outras palavras: os fumantes passivos sofrem os efeitos imediatos da poluição provocada pela queima do cigarro alheio, tais como irritação nos olhos, obstrução nasal, tosse, cefaleia, intensificação de distúrbios alérgicos, principalmente das vias respiratórias, e aumento de problemas cardíacos, sobretudo a elevação da pressão arterial e maior incidência de angina, infartos e câncer de pulmão.

Por terem o sistema imunológico mais frágil, crianças e idosos são os mais atingidos pelos malefícios do tabaco e do fumo passivo. As crianças, principalmente as de pouca idade, são normalmente mais prejudicadas em sua convivência involuntária com os fumantes. De maneira análoga, os animais de estimação também são afetados pelo Thirdhand smoke, ou seja, pelos resíduos da fumaça que se acumulam nos ambientes e resistem à limpeza convencional.

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